São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CEARÁ

Suposta mãe teria sofrido um aborto em abril; no fim de julho, maternidade a avisou que a criança estava bem e já poderia sair

Após 3 meses, hospital diz que bebê está vivo

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

A Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, de Fortaleza (CE), informou que um bebê tido como morto desde abril estaria, na verdade, vivo.
A suposta mãe, a auxiliar de contabilidade Maria do Socorro Morais Amador, 30, retirou ontem sangue para o exame de DNA para confirmar a maternidade. O resultado deve sair dentro de três ou quatro semanas.
A UFC (Universidade Federal do Ceará), que administra a maternidade, abriu ontem uma sindicância para apurar os fatos.
Maria do Socorro estava entrando no quinto mês de gestação quando teria sofrido um aborto natural, no dia 13 de abril.
Só no dia 23 de julho, mais de três meses depois, funcionários do hospital telefonaram para informá-la de que o bebê, batizado pelas enfermeiras de Gabriel, estaria vivo, na unidade semi-intensiva, pesando 1,8 kg e que já poderia sair. A informação, porém, só veio a público no último final de semana, quando Maria do Socorro decidiu fazer a denúncia. "Foi um choque. Como essa criança dita como morta apareceu?"
"Durante todo esse tempo, não recebi um telefonema dizendo que o bebê estivesse vivo."
Para um recém-nascido tão prematuro sobreviver é necessário que passe um longo período na incubadora da UTI neonatal.
Maria do Socorro afirma que primeiro quer saber o resultado do exame de DNA para, posteriormente, caso confirme que o bebê é seu filho, processar judicialmente a direção do hospital.
O diretor clínico da Maternidade-Escola, Manoel Oliveira, não foi achado para falar sobre o caso.
Ontem, a direção da maternidade entregou à reitoria da UFC um relatório sobre o que teria ocorrido. O texto não foi divulgado. A maternidade não deu explicações sobre o que poderia ter acontecido. O exame de DNA será feito por um laboratório particular em Minas Gerais. Todas as despesas estão sendo pagas pela UFC.

Mortes
Na mesma maternidade, nas duas primeiras semanas de junho deste ano, 15 bebês morreram na UTI neonatal por infecção hospitalar causada pela superlotação. Em uma das salas da UTI, onde estavam internados 15 bebês, 13 morreram.
Situação semelhante ocorreu em 96, quando 65 recém-nascidos morreram por causa da superlotação em apenas 30 dias. Até agora, nos dois casos, ninguém foi responsabilizado.


Texto Anterior: Rio: Forte nevoeiro fecha aeroportos cariocas por quase cinco horas
Próximo Texto: Panorâmica - Infância: RS isenta de impostos quem adotar menores carentes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.