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São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

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ADMINISTRAÇÃO

Penetras furaram a fila de cerca de 4.000 pessoas que tentavam se cadastrar na Subprefeitura da Penha

Inscrição em programa social causa tumulto

DA REPORTAGEM LOCAL

Gritaria, empurra-empurra, crianças perdidas, pessoas caindo, mulheres chorando, fome, frio, sede e sono. Tudo isso na fila que cerca de 4.000 pessoas enfrentaram na Penha (zona leste) para tentar se cadastrar num dos programas sociais da prefeitura.
No início da manhã de ontem, primeiro dia de inscrições na subprefeitura local, quando muita gente já esperava por mais de dez horas do lado de fora do prédio, começaram a chegar mais pessoas, que "furaram a fila" e entraram. Os funcionários municipais não conseguiram organizar a situação, e houve tumulto.
A confusão não deixou feridos, mas deu dor de cabeça ao subprefeito Luiz Barbosa de Araújo. Depois de chamar a Guarda Civil Metropolitana (GCM) e mobilizar toda a sua equipe para tentar controlar as pessoas (a maioria delas mulheres), ele próprio pegou o microfone e tentou explicar porque não adiantava ficar na fila.
"Só podemos fazer 300 cadastros por dia, e já temos gente o suficiente lá dentro [da subprefeitura]. As inscrições vão até 26 de setembro. Por favor, marquem uma data para voltar e não se preocupem porque ninguém vai ficar de fora. Se não conseguirmos atender todos, ampliaremos o prazo."
Não convenceu muita gente. "Não vou embora enquanto não for atendida. Estou aqui desde as 22h de ontem [anteontem], passei a noite em claro, e quem chegou de manhã entrou na minha frente. Só ao meio-dia eles resolveram organizar. Não tenho dinheiro para voltar outro dia", dizia Sandra Jane, 38, chorando.
Desempregada há 16 anos, ela conta com bicos ocasionais para sustentar a filha única de dez anos. A história era mais ou menos a mesma no resto da fila.
"É muita gente pobre e necessitada", dizia Araújo enquanto mandava que funcionários pegassem os nomes e as identidades de quem ainda esperava e distribuíssem água. Segundo ele, a limitação de 300 inscrições por dia foi informada em reuniões nas igrejas, nas associações de bairro e favelas, e assessores da subprefeitura se revezaram a noite inteira na fila, pedindo para que as pessoas saíssem e voltassem depois.
O subprefeito admitiu, porém, problemas na comunicação. "É impossível informar bem 400 mil pessoas, mas, se não tivéssemos divulgado o cadastramento, muita gente não estaria nem aqui."
As inscrições vão até o dia 26 de setembro, das 9h às 17, na Subprefeitura da Penha. Quem não puder ser cadastrado no dia deve agendar uma nova data. A previsão é que sejam beneficiadas 15 mil famílias na Penha, Vila Matilde, Artur Alvim e Cangaíba.


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