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ADMINISTRAÇÃO
Penetras furaram a fila de cerca de 4.000 pessoas que tentavam se cadastrar na Subprefeitura da Penha
Inscrição em programa social causa tumulto
DA REPORTAGEM LOCAL
Gritaria, empurra-empurra,
crianças perdidas, pessoas caindo, mulheres chorando, fome,
frio, sede e sono. Tudo isso na fila
que cerca de 4.000 pessoas enfrentaram na Penha (zona leste) para
tentar se cadastrar num dos programas sociais da prefeitura.
No início da manhã de ontem,
primeiro dia de inscrições na subprefeitura local, quando muita
gente já esperava por mais de dez
horas do lado de fora do prédio,
começaram a chegar mais pessoas, que "furaram a fila" e entraram. Os funcionários municipais
não conseguiram organizar a situação, e houve tumulto.
A confusão não deixou feridos,
mas deu dor de cabeça ao subprefeito Luiz Barbosa de Araújo. Depois de chamar a Guarda Civil
Metropolitana (GCM) e mobilizar
toda a sua equipe para tentar controlar as pessoas (a maioria delas
mulheres), ele próprio pegou o
microfone e tentou explicar porque não adiantava ficar na fila.
"Só podemos fazer 300 cadastros por dia, e já temos gente o suficiente lá dentro [da subprefeitura]. As inscrições vão até 26 de setembro. Por favor, marquem uma
data para voltar e não se preocupem porque ninguém vai ficar de
fora. Se não conseguirmos atender todos, ampliaremos o prazo."
Não convenceu muita gente.
"Não vou embora enquanto não
for atendida. Estou aqui desde as
22h de ontem [anteontem], passei
a noite em claro, e quem chegou
de manhã entrou na minha frente. Só ao meio-dia eles resolveram
organizar. Não tenho dinheiro
para voltar outro dia", dizia Sandra Jane, 38, chorando.
Desempregada há 16 anos, ela
conta com bicos ocasionais para
sustentar a filha única de dez
anos. A história era mais ou menos a mesma no resto da fila.
"É muita gente pobre e necessitada", dizia Araújo enquanto
mandava que funcionários pegassem os nomes e as identidades de
quem ainda esperava e distribuíssem água. Segundo ele, a limitação de 300 inscrições por dia foi
informada em reuniões nas igrejas, nas associações de bairro e favelas, e assessores da subprefeitura se revezaram a noite inteira na
fila, pedindo para que as pessoas
saíssem e voltassem depois.
O subprefeito admitiu, porém,
problemas na comunicação. "É
impossível informar bem 400 mil
pessoas, mas, se não tivéssemos
divulgado o cadastramento, muita gente não estaria nem aqui."
As inscrições vão até o dia 26 de
setembro, das 9h às 17, na Subprefeitura da Penha. Quem não puder ser cadastrado no dia deve agendar uma nova data. A previsão é que sejam beneficiadas 15
mil famílias na Penha, Vila Matilde, Artur Alvim e Cangaíba.
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