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São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

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ARREPENDIMENTO

Thomaz Bastos afirma que pretendia "defender a prefeita de agressão"

Declaração foi "infeliz", diz ministro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, classificou ontem de "uma frase infeliz" a comparação feita por ele anteontem de que o ato de estudantes da Faculdade de Direito da USP de atirar uma galinha na prefeita Marta Suplicy (PT) seria o mesmo que "jogar um veado" em um homem que estivesse falando.
Anteontem, durante a comemoração do centenário do Centro Acadêmico XI de Agosto, estudantes de oposição à atual direção do centro jogaram uma galinha preta, viva, em direção a Marta. "Seria como se um homem estivesse falando e jogassem um veado. Havia a vontade de agredir", disse Bastos minutos após a cena.
A prefeita não chegou a ser atingida, mas suspendeu o discurso previsto para o evento.
"É evidente que o que eu quis dizer foi [para] defender a prefeita Marta Suplicy de uma agressão que -me pareceu- passou dos limites. Mas eu não fui feliz com a frase", disse o ministro ontem.
A prefeita Marta Suplicy visitou ontem a zona oeste de São Paulo, onde inaugurou dois centros de educação infantil: o Jardim das Vertentes, na Vila Sônia, e o Rio Pequeno 2. Segundo ela, com isso, o total de creches entregues chegava a seis na região. "De 1990 a 2000, apenas cinco creches foram construídas aqui", disse.
Um dia após ter sido alvo de protestos estudantis, ela preferiu não fazer nenhum comentário sobre o episódio da galinha -tampouco sobre a declaração do ministro da Justiça.
Porém a secretária da Educação, Cida Perez, que acompanhava a prefeita, retomou o assunto ao discursar na inauguração da creche Rio Pequeno. "Aqui, galinha é só para fazer comida", afirmou Cida Perez.

"Vergonhosa liderança"
Fundador e secretário de direitos humanos do GGB (Grupo Gay da Bahia), o antropólogo Luiz Mott, 57, disse ontem que o ministro "perdeu uma grande oportunidade de ficar calado".
Segundo Mott, "antes de abrir a boca para falar o que não deve, o ministro Bastos deveria trabalhar mais para retirar o Brasil da vergonhosa liderança mundial de assassinatos de homossexuais".


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