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EDUCAÇÃO
Projeto Unirede foi criado em 2000 para formar 600 mil professores até 2007, mas só abriu até hoje 13 mil vagas
Graduação à distância descumpre metas
LUIS RENATO STRAUSS
DA REPORTAGEM LOCAL
Três anos depois de inaugurada
com a promessa de formar 600
mil professores até 2007 em cursos de ensino à distância, a Unirede, um consórcio composto por
74 universidades públicas, abriu
até o momento somente 13 mil
vagas de graduação. O governo
receberá hoje um novo plano estratégico da associação.
A rede nasceu de uma preocupação dos reitores das universidades federais com a LDB (Lei de
Diretrizes e Bases para a Educação), aprovada em 1996. Para se
adequar às novas leis, cerca de um
milhão de professores precisariam, na época, procurar um curso de graduação em licenciatura.
Para os reitores das universidades, a rede de ensino superior não
suportaria essa demanda.
Neste mês, o Ministério da Educação aprovou um parecer do
CNE (Conselho Nacional de Educação) que permite que 773 mil
professores da educação infantil
(para crianças de até seis anos) e
das primeiras quatro séries do ensino fundamental exerçam suas
funções sem a necessidade de diploma universitário. Eles representam 72% dos docentes desse
nível de ensino -os demais possuem a graduação.
A exigência de diploma de licenciatura se mantém para os
professores da segunda etapa do
fundamental (da 5ª à 8ª série) e do
ensino médio (antigo colegial)
-há 249 mil professores leigos
nesse nível de ensino, cerca de
25% do total.
O projeto de graduação à distância da Unirede ainda não decolou. Apenas em 2002 foram
abertas as primeiras 13 mil vagas
de licenciatura -segundo o projeto inicial, 100 mil pessoas deveriam ser atendidas em 2001.
Dóris Santos de Faria, que presidiu comitê gestor da Unirede até
2002, diz que, apesar de o então
ministro da Educação, Paulo Renato Souza, estar presente na
inauguração da universidade virtual e ter declarado que iria apoiar
o programa, não houve suporte
do governo federal para o projeto.
Segundo ela, pela novidade da
graduação à distância no país, a
Secretaria de Educação Superior
do MEC procurou, na gestão passada, criar normas para o setor. O
plano era regulamentar o setor
para, então, expandir os projetos
à distância. Já o gabinete do ministério, diz Santos de Faria, tentava não beneficiar as universidade públicas, para não desestimular as iniciativas privadas de cursos à distância.
A Secretaria de Educação à Distância do MEC, por sua vez, deixou de lado a graduação, mas investiu em cursos de capacitação
de professores. O ex-ministro
Paulo Renato Souza, por meio de
sua assessoria de imprensa, disse
que não iria comentar o assunto.
Sindicatos
Representantes dos professores
são contra os projetos de graduação em licenciatura à distância.
Segundo eles, essa ferramenta pedagógica deve ser um complemento ao ensino presencial e não
um substituto.
Para Marta Vanelli, secretária
de assuntos educacionais da
CNTE (Confederação Nacional
de Trabalhadores em Educação),
um educador precisa ser formado
em cursos que permitam o contato humano, pois esse será o "material" de trabalho dele.
"Os cursos à distância certificam os profissionais, mas não os
qualificam", afirma Ariovaldo de
Camargo, diretor de comunicação da Apeoesp (sindicato dos
professores das escolas estaduais
de São Paulo).
Para obter a licenciatura em
biologia, Cilene de Souza Silva, 34,
professora de 1ª à 4ª série, se inscreveu no curso à distância oferecido pela Cederj (uma parceria
entre as seis universidades públicas do Estado, a Secretaria de Estado da Educação e as secretarias
municipais de Educação) na cidade de Paracambi, interior do Rio.
Ela diz que as primeiras aulas
foram de informática e que, para
cada disciplina do curso, há, em
média, um dia por mês de aulas
presenciais, quando faz as experiências de laboratório e os trabalhos de campo -um tutor de cada matéria está disponível duas
horas por semana para tirar as
dúvidas. Além disso, pode falar
com os professores por telefone
ou pela internet. Nos demais momentos, a tarefa é solitária: lê o
material didático e faz os exercícios no computador.
Colaborou ALESSANDRA BALLES, da Redação
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