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SAÚDE PRIVADA
Programa para a adequação de planos anteriores a 1999 estava suspenso por liminar, derrubada ontem
STJ libera incentivo a mudança de contrato
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo pode voltar a incentivar os usuários de planos e de seguros de saúde antigos a adequar
seus contratos à legislação atual.
Os consumidores que queiram
fazer a mudança terão novamente
o respaldo da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar),
que fiscaliza o setor.
O STJ (Superior Tribunal de
Justiça) derrubou no início da
noite de ontem liminar concedida
em junho pela Justiça Federal em
Pernambuco que suspendeu o
Piac (Plano de Incentivo à Adaptação de Contratos), instituído
por medida provisória em dezembro de 2003.
O objetivo do programa é estimular os 22 milhões de beneficiários dos chamados planos antigos
-anteriores a 1999- a fazer uma
adequação de seus contratos à lei
que rege o setor, a 9.656, em um
processo regulado pela agência.
A atual legislação prevê o controle de aumentos de preço pelo
governo, por exemplo.
Segundo a regra do programa, é
possível fazer a adequação por
meio de duas modalidades, migração e adaptação. A primeira
significa trocar o contrato antigo
por um novo. Os preços deveriam
ser melhores do que os ofertados
no mercado. A adaptação é assinatura de termos aditivos ao contrato antigo para alteração de apenas alguns de seus pontos, como
as coberturas -os reajustes para
isso não podem ultrapassar 25%.
Balanço da própria ANS mostrou que, até sua suspensão, o
programa era um fiasco: só um
em cada quatro usuários topou a
mudança.
Para entidades de defesa dos
consumidores como a Aduseps
(Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas
de Saúde), de Recife, autora do
pedido de liminar que resultou na
suspensão do Piac, empresas aumentaram muito seus preços na
migração e foram favorecidas pela propaganda feita pelo governo.
Além disso, apontam as entidades, o governo omitiu que os contratos antigos continuariam protegidos pelo Código de Defesa do
Consumidor.
Com a liminar de junho, favorável aos órgãos dos consumidores,
empresas, na prática, tinham interrompido a adequação, apesar
de a decisão da Justiça Federal
não ter afetado o direito do consumidor de fazer a mudança. Já a
ANS suspendeu todo o processo
de controle que fazia das mudanças.
Índice próprio
Ao suspender os efeitos da liminar, Edson Vidigal, presidente do
STJ, diz que o Piac foi aprovado
pelo Congresso e que já custou
muito dinheiro ao Estado.
O ministro da Saúde, Humberto
Costa, que esteve com Vidigal no
início da noite, afirmou que, apesar da decisão, o governo manterá
suspensa a autorização de índice
próprio de reajuste para adaptação, previsto nas regras do Piac
para empresas que acharam inadequados os definidos pela pelo
governo - o índice pode atingir
700 mil pessoas.
Ele reafirmou que será revista a
migração para as carteiras desequilibradas, de clientes que gastam em assistência quase tudo
que pagam em mensalidade
-pelo menos 300 mil pessoas.
Nessas carteiras, as empresas
ofertaram valores até cinco vezes
maiores para a migração. Quem
não aceitou e ficou no contrato
antigo teve aumentos de até 85%,
agora alvo de disputa judicial.
"São várias as propostas de mudança [dessa migração]. Ainda
não temos uma definitiva", afirmou Costa ontem à noite.
A coordenadora-executiva da
Aduseps, Renê Patriota, classificou de "absurda" a decisão do
STJ. "É uma decisão que mostra
um vínculo entre o STJ e o Executivo." Ela disse que a associação
vai aguardar que a Justiça Federal
em Pernambuco julgue o mérito
da ação. As entidades querem o
cancelamento do Piac.
Colaborou MAURO ALBANO, da Agência
Folha
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