São Paulo, quinta, 13 de agosto de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FACULDADE DE MEDICINA

Fundação paga por imóvel em negócio que foi contestado

da Reportagem Local

A Fundação Faculdade de Medicina pagou ontem o governo do Estado pela compra do terreno da Febem no Pacaembu, região noroeste de São Paulo.
O terreno tem 46 mil metros quadrados e custou R$ 20,1 milhões. Localiza-se em um área tombada pelo patrimônio histórico estadual.
A compra está sendo criticada pela congregação da faculdade (representantes de professores, estudantes e funcionários) pois foi efetuada sem a anuência do conselho de curadores da faculdade.
Quatro membros do conselho chegaram a renunciar quando souberam do negócio, entre eles o ex-ministro da Saúde Adib Jatene e o ex-secretário municipal da Saúde de São Paulo Silvano Raia.
Uma comissão foi montada pela congregação e vai entregar na próxima semana um relatório indicando possíveis providências para desfazer o negócio ou sugestões para o uso do imóvel.
O médico Marcello Marcondes Machado, diretor da Faculdade de Medicina da USP e presidente do conselho de curadores da fundação, diz ter convicção de que fez um "grande negócio".
"A instituição fez uma aplicação acadêmica e institucional de primeira ordem. Em um ano, vão reconhecer", afirmou.
Machado considera, entretanto, que o desgaste que está sofrendo poderia ter sido evitado. "Deveria ter ouvido pacientemente não só o conselho de curadores como também o conselho deliberativo do Hospital das Clínicas", declarou.
O diretor disse esperar que a comissão formada pela congregação não seja "guerreira". "Espero que eles analisem a potencialidade do imóvel. Preparem um relatório de cunho técnico e não político apenas para mostrar o desagrado em relação à forma como o negócio foi feito", afirmou.
O advogado Adib Salomão está estudando o caso a pedido do ex-ministro Adib Jatene. Ele considera que a diretoria descumpriu os estatutos da fundação. Segundo ele, não está definido ainda se caberá alguma ação na Justiça para desfazer o negócio ou responsabilizar os diretores.
O diretor-geral da fundação, Celso Ribeiro, afirma que o estatuto exige que apenas a venda de imóveis precisa passar por deliberação do conselho de curadores.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.