|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OUTRO LADO
Para secretária, governo federal só pode dar verba para Estados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E
DA REPORTAGEM LOCAL
A secretária nacional de Justiça,
Elizabeth Süssekind, afirmou ontem desconhecer as críticas feitas
pelo relator da ONU, Nigel Rodley. Süssekind, no entanto, disse
já ter alertado Rodley para a situação que iria verificar no país.
"É possível encontrar, facilmente, vítimas de maus-tratos em
qualquer estabelecimento penitenciário brasileiro. Mas isso não
é institucional, não é um método
reiterado e sistemático."
A secretária disse que o governo
federal tem pouco a fazer para alterar a situação. "O que o governo
faz é repassar verbas para os governos estaduais." Mesmo assim,
ela afirmou que representantes do
governo têm visitado os Estados
para sugerir um padrão de política penitenciária.
"O que precisa ser feito é uma
seleção mais rigorosa do pessoal,
dar um treinamento mais ético e
mais técnico e melhorar as condições de trabalho", disse, numa referência a que providências poderiam ser adotadas para melhorar
a situação dos presos.
Ela admitiu que o país tem
"uma taxa significativa de impunidade", mas não quis comentar
diretamente as afirmações de Rodley. "Qual o critério de impunidade que ele usa?"
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Marco Vinicio
Petrelluzzi, culpou fatores externos pelas críticas da ONU. Seu colega responsável pela Febem, Edsom Ortega (Assistência e Desenvolvimento Social), negou as falhas apontadas.
Segundo Petrelluzzi, a solução
para as más condições das prisões
dos distritos policiais passa pelo
aumento do número de vagas nos
presídios. A superlotação seria a
causa da situação subumana em
que vivem os presos nos DPs.
São cerca de 35 mil pessoas num
sistema cuja capacidade é de 17
mil vagas. Do total de presos nos
distritos, 15 mil (37%) aguardam
vagas nos presídios. O sistema
carcerário tem 55 mil pessoas presas e 42 mil vagas disponíveis.
Para equacionar o problema, a
secretaria alega que depende também de verba da União.
Petrelluzzi afirmou que solicitou ao governo federal a liberação
de R$ 360 milhões para a construção de novos presídios nos próximos dois anos.
Edsom Ortega nega a informação de que os diretores da Febem
de Franco da Rocha seriam afastados. O secretário disse que não
faria isso sem ouvir primeiro a
versão dos funcionários.
Ortega afirmou que o relator foi
informado das providências que
estão sendo tomadas para apurar
as denúncias feitas por internos
da unidade: abertura de sindicância e inquérito.
Texto Anterior: Delegado diz que reformou DP Próximo Texto: Frases Índice
|