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Delegado diz que reformou DP
DA REPORTAGEM LOCAL
Duas semanas após a visita do
representante da ONU, a carceragem do 2º DP (Bom Retiro) já estava "em boas condições", segundo o delegado titular, Wilson Roberto Zampieri. "Ela foi reformada. Coloquei grades, consertei os
sistemas elétrico e hidráulico.
Terminei tudo no último final de
semana. Antes, não havia nem
mesmo descarga. Agora, só falta a
pintura."
Zampieri, que assumiu a delegacia no início de agosto, garante
que as obras começaram antes da
visita de Nigel Rodley.
Ele admite que as instalações,
destruídas durante uma rebelião,
em 1999, "não eram das melhores", mas nega a existência de
condições subumanas. "A carceragem é grande. Fica apertado,
mas não é pior do que em outros
distritos", afirma.
A explicação dada pelo delegado para a surpresa de Rodley é a
seguinte: "Não havia grades. Por
isso, os presos ficavam soltos no
pátio. Cada um dormia onde queria, não havia organização. Alguns nem urinavam no banheiro,
deixando aquele cheiro. Hoje, eles
cuidam do xadrez, pois sabem
que vão dormir lá".
Depois da rebelião do ano passado, as celas do 2º DP passaram a
abrigar presos em trânsito, que
participam de audiências no Fórum Criminal. "Eles só passam
uma noite aqui. Não vou dizer
que se pode deitar à vontade, mas
dá para dormir bem."
Esses presos chegam às 12h e
saem às 8h do dia seguinte. Às
sextas, sábados e domingo, a carceragem costuma ficar vazia.
No local, são sete celas, uma delas para os jurados de morte. "No
total, não ficam mais que 200",
afirma Zampieri. Segundo ele, se
os presos fossem ficar por muito
tempo, como em outros distritos,
"daria para colocar até uns 120".
Segundo o Carlos Cardoso, assessor de Direitos Humanos da
Procuradoria Geral de Justiça, essa situação se repete em outras
delegacias. "Se ele visitar outras,
pode encontrar a mesma coisa."
Para ele, a reforma do 2º DP "não
resolve problemas sistêmicos".
(ALENCAR IZIDORO)
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