|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo incentiva pena alternativa
VALÉRIA DE OLIVEIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O Ministério da Justiça criou
ontem uma central que vai incentivar os juízes de todo o país a fixar, em vez de prisão, penas alternativas, como a prestação de serviço à comunidade.
A central de Brasília vai promover a formação de organismos
dentro dos Estados que façam o
controle da execução das penas
alternativas.
"O órgão também difundirá as
vantagens das penas alternativas e
promoverá seminários com trabalhos práticos nos Estados para
estruturar centrais e bancos de
dados estaduais", afirmou a gerente da Cenapa (Central Nacional de Apoio e Acompanhamento
das Penas Alternativas), a juíza
aposentada Vera Muller, que trabalhou durante 17 anos no Rio
Grande do Sul.
Baixa reincidência
A reincidência de criminosos
punidos com penas alternativas é
bem menor. Em 97, o Ilanud (Instituto Latino-Americano para a
Prevenção do Delito e o Tratamento do Delinquente) fez uma
pesquisa e descobriu que somente
12% dos criminosos beneficiados
com penas alternativas reincidiam nos delitos.
De acordo com o Ministério da
Justiça, a reincidência nos casos
em que os criminosos são mandados para a cadeia já chegou a 85%.
Nos delitos cometidos por menores, a taxa de reincidência depois
da aplicação de penas alternativas
é mais baixa ainda: 9%.
Desde 97, a medida passou a ser
prevista para crimes com penas
de até quatro anos de prisão, inclusive os hediondos. Antes, ela só
podia ser adotada em penas de até
um ano de reclusão.
Os condenados enquadrados
nas penas alternativas são mantidos em liberdade e exercem tarefas em instituições filantrópicas e
assistenciais.
A juíza Vera Muller frisou que
somente delitos considerados leves têm previsão de pena alternativa. "Quando há crimes como estupro, em que a pessoa representa
ameaça a outros indivíduos, não
há possibilidade de adoção dessa
pena", afirmou.
No ato de lançamento da central, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Paulo Costa Leite, elogiou a iniciativa do governo. "Temos de encontrar uma
saída viável, porque não é mais
possível convivermos com esse
estado de coisas", disse o ministro, que se referia ao problema da
violência e da superpopulação
nos presídios.
Texto Anterior: Não falta vontade política, afirma Covas Próximo Texto: Há 50 anos Índice
|