São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 2000

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VIOLÊNCIA
Patinador foi preso ontem por tentativa de estupro; segundo a polícia, ele disse ter se inspirado no maníaco do parque
Amigo de motoboy é acusado de tortura

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O patinador Jan Dario Oliveira, 33, amigo do motoboy Francisco de Assis Pereira, conhecido como o maníaco do parque, foi preso ontem sob acusação de torturar e tentar estuprar uma fisioterapeuta em São Paulo.
Segundo o delegado Olavo Reino Francisco, titular da Seccional Sul da Polícia Civil, Oliveira admitiu que se inspirou no amigo, preso desde 1998, que é acusado de matar sete mulheres e ter estuprado outras nove no Parque do Estado (zona sudeste de São Paulo).
O patinador foi ao consultório da fisioterapeuta às 18h15 de anteontem, fingindo ser um paciente. Armado com uma pistola 365, ele obrigou a mulher a se despir e tirou fotos dela. Depois de agredi-la várias vezes, Oliveira, segundo a polícia, tentou violentá-la.
O patinador foi embora levando R$ 190 em dinheiro, cheques e o carro da vítima, que chamou a polícia. Oliveira é ex-namorado de uma amiga da fisioterapeuta e foi preso em uma pensão, às 2h30 de ontem.
A polícia encontrou no quarto do patinador fotos de Oliveira e Pereira juntos. Em cinco fotografias, os dois estavam de patins, com um grupo de amigos, no parque Ibirapuera. Em outra, Oliveira e Pereira estão lado a lado em um banco de ônibus de viagem.
Oliveira disse que conhecia o maníaco apenas do parque Ibirapuera, onde os dois costumavam patinar. "Fiquei apavorado depois que soube que ele era o maníaco", disse o patinador, que admitiu ter roubado a fisioterapeuta, mas negou a agressão.
Ele negou ainda ter se espelhado no amigo. Mas João Batista Beolchi, delegado operacional da Seccional Sul, afirmou ontem que Oliveira disse, aos policiais civis, que admirava Pereira porque ele era um bom patinador.
Oliveira chegou a ser ouvido pela polícia duas vezes nas investigações sobre os crimes do maníaco do parque, mas sua possível participação foi descartada. "As sobreviventes sempre afirmaram que o maníaco agia sozinho", disse o delegado Sérgio Luis da Silva Alves, que presidiu o inquérito policial do caso.
Segundo Alves, Oliveira e Pereira são muitos amigos -Oliveira disse à polícia ontem que eles só se falavam no parque. Em 1994, os dois chegaram a trabalhar e morar juntos em São Paulo por mais de um ano, segundo o delegado.
"Pelas investigações, Oliveira não participou dos crimes no parque. Mas pode ter seguido o exemplo do amigo", afirmou.
Como o maníaco do parque, Oliveira -que fez propagandas usando patins- também não tinha antecedentes criminais.
A delegada Ana Maria Rossi Pacheco, da DDM (Delegacia da Defesa da Mulher), começou a investigar outros crimes que podem ter sido cometidos pelo patinador.
"Se encontrarmos novas vítimas, podemos acionar o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) para investigar melhor a sua ligação com o maníaco do parque", disse Ana Maria. Oliveira foi levado ontem para uma cela do 14º DP (Pinheiros), onde ficam os presos acusados de estupro.


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