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RIO
Trabalhos, escolhidos em concurso internacional, propõem complexos de lazer, cultura e moradia para a área de 119 mil m2
Três projetos definem futuro de gasômetro
CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO
O gasômetro do Rio, que domina a paisagem à saída da ponte
Rio-Niterói, está com os dias contados. A área onde desde o início
do século é armazenado o gás
consumido pelos cariocas está
sendo desativada aos poucos.
A previsão é que, em 2005, ele
deixe de funcionar, por causa da
chegada do gás natural. Em seu
lugar, poderá surgir um complexo de lazer, cultura e moradias.
O gasômetro, que ocupa 119 mil
m2 em São Cristóvão (zona norte), ficou famoso por um suposto
plano de militares de explodi-lo e
pôr a culpa em militantes da esquerda, durante o regime militar.
O plano, denunciado pelo capitão
Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, o "Sérgio Macaco", ficou conhecido como "Caso Para-Sar".
Pensando no uso futuro da área,
a Prefeitura do Rio participou do
concurso internacional de arquitetura "O Modelo Europeu de Cidade", promovido pela cidade de
Santiago de Compostela (Espanha), no qual arquitetos de todo o
mundo criam projetos para áreas
escolhidas em sete países.
"Queremos montar um banco
de projetos para a região, mas ainda não sabemos se serão implantados", diz a arquiteta Cristina
Micaelo, do Instituto Pereira Passos, órgão municipal responsável
pela fase brasileira do concurso.
Dona do gasômetro, a antiga
CEG (Companhia Estadual de
Gás), privatizada em 1997, hoje
chamada Companhia Distribuidora de Gás do Rio, não definiu
que uso dará para a área.
De 26 projetos, três foram selecionados para a final do concurso,
no fim do ano. Expostos desde
ontem no IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil), mudam radicalmente o perfil da região.
Dois deles conservam os reservatórios de gás -três torres circulares com cerca de 50 metros de
altura e diâmetros variando de 42
metros a 50 metros, que podem
armazenar de 60 mil a 90 mil metros cúbicos de gás-.
"A estrutura dos reservatórios é
muito bonita e por isso decidimos
aproveitar sua "pele'", diz a arquiteta baiana Naia Alban, 38.
Naia transforma dois reservatórios em um "portal" de entrada
para dois grandes prédios comerciais. Em um deles, cria um shopping no térreo e um cinema multiplex no andar superior. No outro, uma biblioteca e apartamentos voltados a um jardim interno.
"Há projeto semelhante em Viena, que tomei como referência."
Para o terceiro reservatório,
Naia projetou um local de articulação para as várias garagens e
uma grande discoteca.
O projeto do carioca Washington Fajardo dá aos reservatórios
um caráter de "produção cultural". "Não quis criar mais um centro cultural, mas dar condição para a produção de cultura, criando
espaço para oficinas de arte, dança, teatro." Fajardo usa uma das
torres para instalar um cinema
multiplex. "É preciso atrair público." Nas outras, instala um teatro
e oficinas de arte. O arquiteto planeja unir as torres com passarelas.
Enquanto Naia Alban só preserva os reservatórios e uma chaminé do início do século, Washington Fajardo mantém os galpões
construídos pelos ingleses no início do século, em tijolo aparente.
O projeto do arquiteto colombiano Gabriel Jaime Girardo é o
único que não preserva os reservatórios. Para a frente do terreno,
voltado para as avenidas Francisco Bicalho e D. Pedro 2º, Girardo
propõe um grande prédio, que
isolaria a área do gasômetro da
via expressa que circunda a região. Na parte interna, o colombiano propõe a construção de
prédios baixos, para uso residencial, cercado por amplos jardins.
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