São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 2000

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RIO
Trabalhos, escolhidos em concurso internacional, propõem complexos de lazer, cultura e moradia para a área de 119 mil m2
Três projetos definem futuro de gasômetro

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

O gasômetro do Rio, que domina a paisagem à saída da ponte Rio-Niterói, está com os dias contados. A área onde desde o início do século é armazenado o gás consumido pelos cariocas está sendo desativada aos poucos.
A previsão é que, em 2005, ele deixe de funcionar, por causa da chegada do gás natural. Em seu lugar, poderá surgir um complexo de lazer, cultura e moradias.
O gasômetro, que ocupa 119 mil m2 em São Cristóvão (zona norte), ficou famoso por um suposto plano de militares de explodi-lo e pôr a culpa em militantes da esquerda, durante o regime militar. O plano, denunciado pelo capitão Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, o "Sérgio Macaco", ficou conhecido como "Caso Para-Sar".
Pensando no uso futuro da área, a Prefeitura do Rio participou do concurso internacional de arquitetura "O Modelo Europeu de Cidade", promovido pela cidade de Santiago de Compostela (Espanha), no qual arquitetos de todo o mundo criam projetos para áreas escolhidas em sete países.
"Queremos montar um banco de projetos para a região, mas ainda não sabemos se serão implantados", diz a arquiteta Cristina Micaelo, do Instituto Pereira Passos, órgão municipal responsável pela fase brasileira do concurso.
Dona do gasômetro, a antiga CEG (Companhia Estadual de Gás), privatizada em 1997, hoje chamada Companhia Distribuidora de Gás do Rio, não definiu que uso dará para a área.
De 26 projetos, três foram selecionados para a final do concurso, no fim do ano. Expostos desde ontem no IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil), mudam radicalmente o perfil da região.
Dois deles conservam os reservatórios de gás -três torres circulares com cerca de 50 metros de altura e diâmetros variando de 42 metros a 50 metros, que podem armazenar de 60 mil a 90 mil metros cúbicos de gás-.
"A estrutura dos reservatórios é muito bonita e por isso decidimos aproveitar sua "pele'", diz a arquiteta baiana Naia Alban, 38.
Naia transforma dois reservatórios em um "portal" de entrada para dois grandes prédios comerciais. Em um deles, cria um shopping no térreo e um cinema multiplex no andar superior. No outro, uma biblioteca e apartamentos voltados a um jardim interno. "Há projeto semelhante em Viena, que tomei como referência."
Para o terceiro reservatório, Naia projetou um local de articulação para as várias garagens e uma grande discoteca.
O projeto do carioca Washington Fajardo dá aos reservatórios um caráter de "produção cultural". "Não quis criar mais um centro cultural, mas dar condição para a produção de cultura, criando espaço para oficinas de arte, dança, teatro." Fajardo usa uma das torres para instalar um cinema multiplex. "É preciso atrair público." Nas outras, instala um teatro e oficinas de arte. O arquiteto planeja unir as torres com passarelas.
Enquanto Naia Alban só preserva os reservatórios e uma chaminé do início do século, Washington Fajardo mantém os galpões construídos pelos ingleses no início do século, em tijolo aparente.
O projeto do arquiteto colombiano Gabriel Jaime Girardo é o único que não preserva os reservatórios. Para a frente do terreno, voltado para as avenidas Francisco Bicalho e D. Pedro 2º, Girardo propõe um grande prédio, que isolaria a área do gasômetro da via expressa que circunda a região. Na parte interna, o colombiano propõe a construção de prédios baixos, para uso residencial, cercado por amplos jardins.


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