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VIOLÊNCIA
Unidades de Franco da Rocha passam para a jurisdição do município, que não tem promotor exclusivo para a infância
Decisão do TJ reduz fiscalização na Febem
GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma decisão do Tribunal de
Justiça de São Paulo, publicada
ontem no "Diário Oficial de Justiça", deverá reduzir a fiscalização
do Ministério Público nas três
unidades da Febem (Fundação
Estadual do Bem-Estar do Menor) localizadas em Franco da
Rocha (Grande São Paulo).
Duas das unidades, conhecidas
como Francão 1 e Francão 2, abrigam a maioria dos adolescentes
considerados perigosos do Estado
e concentram a maior parte das
denúncias de maus-tratos contra
os internos.
O presidente do Tribunal de
Justiça de São Paulo, Márcio Bonilha, determinou ontem, por
meio do provimento 739/00 (alteração formal de procedimentos),
que essas unidades passem para a
jurisdição de Franco da Rocha.
Atualmente essas unidades são
fiscalizadas pelos três promotores
ligados ao Deij (Departamento
das Execuções da Infância e Juventude), da capital.
Enquanto o Deij conta com
quatro juízes e três promotores
exclusivos, o fórum de Franco da
Rocha dispõe de um único juiz e
não conta com nenhum promotor exclusivo para o trabalho da
Vara da Infância.
Desde 97, as unidades da Febem
de Franco da Rocha (antes da
construção dos cadeiões, em 99, já
havia uma unidade, conhecida
como "Franquinho") estavam
sob jurisdição da capital.
Inquéritos
A transferência de competência
ocorre em um momento delicado: os promotores da capital solicitaram a instauração de três inquéritos policiais para apurar denúncias de tortura e movem duas
ações contra a Febem por manter
unidades em sistema de cadeião
(contrariando o Estatuto da
Criança e do Adolescente).
Uma das ações pede o afastamento do presidente da Febem,
Benedito Duarte.
Todas as ações foram derrubadas liminarmente pelo TJ.
Além disso, o relator do Comitê
contra a Tortura da ONU, Nigel
Rodley, disse ontem, em Brasília,
que falta ao governo do Estado
vontade política para apurar as
denúncias de maus-tratos ocorridas nessas unidades.
Rodley reuniu-se há dez dias
com os promotores da capital, viu
imagens de vídeo gravadas por
eles em Franco da Rocha e conversou com adolescentes que teriam sido espancados.
O Deij conta, além dos juízes,
com quadro de apoio técnico formado por quatro assistentes sociais e psicólogos. A Vara da Infância, ligada ao Deij, dispõe,
além dos três promotores, de quatro funcionários exclusivos.
A Vara da Infância e Juventude
de Franco da Rocha conta com
um único promotor e um funcionário no cartório. O promotor
também responde pela 2.ª Vara
Criminal e pela metade dos processos da 3.ª Vara, onde tramitam
os casos que serão submetidos ao
tribunal do júri.
O juiz divide-se entre a Vara da
Infância e as outras duas Varas. É
responsável ainda por três penitenciárias, com 5.000 presos, e
preside entre 12 e 15 tribunais de
júri a cada 60 dias.
A carência de funcionários no
fórum de Franco da Rocha é tão
grande que foram "emprestados"
funcionários da Secretaria de Estado da Administração Penitenciária para auxiliar no trabalho
dos cartórios.
A assessoria de imprensa do TJ
informou que o juiz Edson Khugi
Kinashi foi designado para falar
sobre a transferência de atribuição, mas que só atenderia hoje.
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