DO ENVIADO ESPECIAL

E DA SUCURSAL DO RIO

Um dia após afirmar que Fernandinho Beira-Mar pretendia unificar todas as facções criminosas, em âmbito nacional, o secretário da Segurança Pública do Rio, Roberto Aguiar, voltou atrás e disse que a rebelião de Bangu ""era uma questão localizada".
""Não acredito em grandes articulações nacionais. Queriam oportunidade de matar. A agenda de negociação era meramente formal", afirmou Aguiar.
Para a polícia, houve uma briga entre grupos rivais, quase um problema pessoal entre os traficantes Beira-Mar, ligado ao Comando Vermelho, e Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, líder da ADA (Amigo dos Amigos).
Segundo Zaqueu Teixeira, chefe da Polícia Civil, o traficante Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, da ADA, sobreviveu porque teria avisado Beira-Mar que Uê planejava matá-lo e invadir favelas controladas pelo CV.
Segundo delegados que participaram das negociações para o fim da rebelião, Celsinho decidiu relatar o plano temendo perder espaço na parceria TC-ADA, cujo principal líder solto é Paulo César Silva dos Santos, o Linho.
Um agente disse que Celsinho, encerrada a rebelião, fez com as mãos as iniciais CV. As suspeitas de que ele teria se aliado ao CV são reforçadas pelo fato de, após o desfecho, ele ter ficado com os integrantes da facção no pátio da unidade, sorrindo. Alguns presos gritaram: "Uê morreu. Celsinho é do CV. A ADA virou purpurina".
As mortes de Uê, Orelha e Robertinho do Adeus e a saída de Celsinho não representam o fim da ADA, diz a chefe de investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, Marina Maggessi.
Segundo ela, a facção ainda possui líderes soltos, como Edinildo Pinto de Medeiros, o Nil, irmão de Uê, que controla o morro do Adeus e o complexo do Caju. Fernando Gomes da Silva, o Fernandinho Português, domina favelas na zona oeste. Robson André da Silva, o Robinho Pinga, é chefe de Parada de Lucas (zona norte). Segundo Marina, eles lutarão para manter seus redutos. (ALESSANDRO SILVA E MARIO HUGO MONKEN)

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