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Transferência de Beira-Mar é incerta
DA SUCURSAL DO RIO
DO ENVIADO ESPECIAL DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O destino do traficante Fernandinho Beira-Mar ainda é incerto.
O secretário nacional da Segurança Pública, José Vicente da Silva,
afirmou ontem que a transferência do traficante para outro Estado é uma "questão complexa".
"Se ninguém aqui no Rio o
quer, é provável que outros Estados não o queiram", afirmou Silva, após reunião com o secretário
da Segurança do Rio, Roberto
Aguiar, e com a governadora Benedita da Silva (PT).
A Folha apurou que os governadores do Acre, Jorge Vianna (PT),
e do Distrito Federal, Joaquim
Roriz (PMDB), foram sondados
pelo Ministério da Justiça para receber o traficante, mas recusaram
o pedido do governo federal.
"Há algumas complexidades.
Precisamos ver se o Rio quer
transferi-lo, se algum Estado, em
período eleitoral complexo, aceita
recebê-lo e se as autoridades judiciais autorizam a transferência."
Já o ministro da Justiça, Paulo
de Tarso Ramos Ribeiro, disse em
Belém, no início da tarde, ser favorável à transferência. "Eu acho
que a transferência se faz necessária neste momento. Pelo menos
como mecanismo de paz social."
Mas, para Vicente da Silva, não
é preciso transferir, mas imobilizar os criminosos, e isso pode ser
feito no Rio ou em outro lugar.
No Rio, o governo, o Ministério
Público Estadual e a Justiça são favoráveis a que Beira-Mar deixe o
Estado. Ontem, Benedita pediu de
novo a transferência dele e lembrou que o presidente Fernando
Henrique, anteontem, teria acenado com essa possibilidade.
O procurador-geral de Justiça,
José Muiños Piñeiro Filho, está
mantendo entendimentos com
promotores de outros Estados para requerer a transferência.
O Tribunal de Justiça informou
que a juíza da Vara de Execuções
Penais, Maria Tereza Donatti, está
disposta a autorizar a mandar
Beira-Mar para outro Estado, caso isso seja requerido. Mas só poderá tomar a medida se houver algum Estado disposto a recebê-lo.
O presidente da OAB-RJ, Octavio Gomes, diz que a transferência pode ser resolvida com vontade política. "Pela Lei de Execuções
Penais, já é possível isso, se houver entendimento entre juízes das
Varas de Execuções Penais de Estados diferentes."
Verba
O governo federal ofereceu ajuda financeira do Fundo Penitenciário para reformar Bangu 1 e do
Fundo Nacional de Segurança
-cerca de R$ 7 milhões, quantia
prometida ao Estado em 2001,
ainda não repassada- para projetos de melhoria da polícia.
Segundo o deputado Agnelo
Queiroz (PCdoB-DF), do total
previsto para o Funpen no Orçamento deste ano, só 8,5% saíram
do papel. O Rio recebeu em julho
R$ 148 mil para instalar bloqueadores de celular em Bangu 1, mas
a verba não saiu do papel por problemas na licitação.
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