São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA

Armado, jovem de 16 anos se entregou à polícia e libertou vítimas depois de três horas e meia; ninguém ficou ferido

Menor toma quatro reféns durante assalto

DA REPORTAGEM LOCAL

DO "AGORA"

Um menor de 16 anos, armado, manteve quatro pessoas reféns por mais de três horas e meia, ontem, no Belenzinho (zona leste de São Paulo), durante uma tentativa frustrada de assalto.
J.C.P.F. se entregou por volta das 13h. Ninguém ficou ferido.
O menor entrou na loja de telefonia Açores por volta das 9h30 e rendeu a vendedora Leonídia do Rosário Vieira Lopes, 20. A Açores pertence a Jarbas Marchesi, que também é dono da imobiliária que aluga a casa onde mora a mãe do menor, no mesmo bairro.
J.C.P.F., que está em regime de semiliberdade na Febem (apenas dorme na unidade do Belém), atirou quatro vezes contra um carro da polícia que passava na rua, mas não feriu ninguém.
Três pessoas que estavam na corretora de seguros Egor (no andar de cima), o sócio Edmur Rodrigues, 44, a telefonista Andréa Nunes de Santana, 26, e a secretária Débora Regina de Oliveira, 22, foram então feitos reféns.
O local foi cercado pela polícia. Várias empresas fecharam as portas. Às 9h40, J.C.P.F. libertou Leonídia. Em troca, pôde telefonar para um advogado e para a namorada. "Eu falava alto, chorava e estava deixando ele nervoso. Por isso que ele me libertou primeiro", disse a vendedora.
Às 10h50, foi a vez de Débora ser solta. O menor, com a arma apontada para a cabeça de Andréa, pedia para não ser ferido e para ser transferido da Febem do Belém, onde cumpre a pena por furto e estaria sofrendo perseguição.
O padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Menor, que acompanhou a negociação e a rendição de J.C.P.F., às 13h07, disse que o menor estava envolvido com drogas e que já foi internado em uma clínica para dependentes químicos.
Ao ser solta, a telefonista Andréa, que foi usada como escudo humano, disse que rezou muito e pensou na mãe e no noivo, com quem vai se casar em novembro. "Ele [o menor" estava muito nervoso. Pensei que ia morrer nas vezes em que ele ouviu gente caminhando no telhado e engatilhou a arma. Ele estava com medo de que atirassem nele por trás."
Segundo Lancelotti, o garoto é filho de um cabo da Polícia Militar que trabalha no interior do Estado. Antes de ir para a Febem, morava com a mãe no Belém.
Durante as negociações, o menor dizia que só se entregaria depois das 14 horas. Segundo o delegado Aldo Galiano Júnior, J.C.P.F. disse que foi orientado por seu advogado, por telefone, a não se entregar antes desse horário, quando começaria o expediente do juiz encarregado de seu caso.
O advogado, então, tentaria conseguir que sua pena fosse abrandada e que ele mudasse para outra unidade da Febem.
A mãe do menor foi à delegacia, mas não quis dar declarações.


Texto Anterior: Violência: Em nota, ONG pede "isenção" em inquérito
Próximo Texto: Preso acusado de sequestrar Celso Daniel
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.