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TRANSPORTES
Gestão Serra pede substituição de fianças entregues por empresas de ônibus após questionamento da Folha
Novas garantias de viações são irregulares
FABIO SCHIVARTCHE
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de entregar garantias financeiras falsificadas para manter contratos bilionários com a
Prefeitura de São Paulo, empresários de ônibus voltaram a apresentar documentos irregulares.
Os papéis novos, entregues até
julho deste ano, já na administração José Serra (PSDB), deveriam
substituir os falsos, apresentados
em 2003 e 2004, ainda na gestão
da ex-prefeita Marta Suplicy (PT).
Desta vez, viações de quatro
consórcios apresentaram cartas
de fiança do BRJ, um banco carioca que não tem sede legal reconhecida em São Paulo -uma das
exigências para a manutenção
dos contratos. As cartas são uma
forma de garantir que os serviços
não sofrerão descontinuidade, caso as empresas venham a enfrentar dificuldades financeiras.
As novas garantias foram aceitas pelo governo tucano. Ontem,
11 dias após a Folha questionar a
prefeitura sobre a validade delas,
a gestão Serra admitiu a irregularidade e disse que pedirá a substituição imediata das mesmas.
A confirmação oficial também é
uma admissão de que parte dos
contratos de R$ 12,3 bilhões para
a operação do sistema de ônibus
na capital paulista, os maiores da
prefeitura, está sob risco.
É a portaria 18 da Secretaria Municipal das Finanças, de 2000, que
exige que a garantia seja dada por
uma instituição bancária domiciliada no município de São Paulo.
O BRJ até abriu no final de abril de
2005 um escritório de representação na capital, mas que não está
registrado no BC (Banco Central).
E, de acordo com a lei federal
4.595, de 1964, somente o BC tem
poder para conceder autorização
de instalação, transferência ou
funcionamento de instituições
bancárias no país.
Lastro duvidoso
As novas garantias, apresentadas por viações ligadas ao empresário José Ruas Vaz, líder do setor
na capital, também enfrentam
contestações sobre sua qualidade.
Cartas de fiança do BRJ, fornecidas pelo mesmo grupo empresarial, foram rejeitadas pelo INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social) em uma ação judicial sob a
justificativa de que não havia segurança da capacidade desse banco em honrá-las. Uma auditoria
do instituto considerou ser prudente não aceitá-las. O grupo
Ruas, entretanto, conseguiu na
Justiça a aceitação das cartas.
"O patrimônio líquido do banco é muito pequeno em relação ao
montante de coobrigações assumidas pelo banco em garantia
prestadas a terceiros", afirmava
um trecho da auditoria do INSS.
O texto cita que, na época, a
conta de cobertura de garantias
era de R$ 105,1 milhões, contra R$
25,6 milhões do patrimônio líquido. "Em uma situação hipotética
de liquidação do banco, ele não
conseguiria honrar com todas as
garantias assumidas", dizia.
Os auditores do INSS afirmavam ainda que, no intervalo de
um ano, entre 2004 e 2005, os valores dados em garantias pelo BRJ
subiram 7.800%
No final da gestão Marta Suplicy
(PT), em dezembro de 2004, a Folha revelou que todas as garantias
usadas pelas empresas de ônibus
de São Paulo eram falsificadas.
Estavam em nome do BNA (Banco de La Nación Argentina), que
negou ter feito qualquer tipo de
negócio com as viações.
Dias depois o BC e a prefeitura
confirmaram a falsidade das garantias. A gestão Serra abriu sindicância interna para averiguar a
origem dos papéis falsos, mas a
investigação segue inconclusa.
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