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Nelson Jobim defende multa imediata para vôo que atrasar
Proposta está no estatuto do passageiro, que também proíbe o overbooking
"Estão querendo quebrar as empresas aéreas!", reagiu presidente do sindicato do setor sobre a proposta, em discussão no Congresso
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Nelson Jobim
(Defesa) defendeu ontem na
Câmara a criação do Estatuto
dos Usuários de Transporte Aéreo no qual as empresas são
responsáveis pela acomodação
e indenização dos passageiros
em casos de atrasos ou cancelamentos, ainda que não seja diretamente culpada. Ele também criticou a Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) por
falhas na fiscalização.
O projeto de lei, do deputado
Fernando Coruja (PPS-SC),
proíbe o overbooking, prevê indenizações imediatas no dobro
do valor do bilhete por atrasos e
multas de até R$ 3 milhões por
prestação de falsas informações sobre os horários de vôos.
A proposta foi criticada pelas
empresas aéreas. "Isso é brincadeira! Estão querendo quebrar as empresas aéreas!", disse
Márcio Mollo, presidente do
Snea (Sindicato Nacional das
Empresas Aéreas). Ele, Jobim e
Sérgio Gaudenzi (presidente da
Infraero) foram a audiência na
Câmara para discutir o projeto.
Segundo Mollo, a responsabilidade não pode ser sempre
das empresas. Ele afirmou que
a culpa pelos atrasos nos oito
meses iniciais da crise aérea foi
dos controladores -essa é a tese do presidente da Anac, Milton Zuanazzi, que cancelou sua
participação para cumprir
agenda de "despachos".
Jobim reagiu à questão da
responsabilidade, já que as empresas podem ser ressarcidas
pelo Estado se a culpa pelo
eventual atraso ou cancelamento for, por exemplo, da Infraero ou da FAB (Força Aérea
Brasileira), responsável pelo
controle de tráfego aéreo.
"Se não for assim, não tem
proteção. Entramos numa discussão interminável", disse o
ministro sobre a responsabilidade das empresas. Apesar das
declarações, ele pediu cautela.
"Não podemos tratar os empresários do setor como se fossem bandidos." Para ele, por
exemplo, não é viável proibir o
overbooking, que compensa o
não-comparecimento de passageiros sem aviso. "E o passageiro que não compareceu?
Perde a passagem?"
Sérgio Gaudenzi, por outro
lado, criticou os abusos. "As
empresas praticam [o overbooking] a todo instante e ainda
tentam desqualificar o passageiro, como se ele não tivesse
chegado na hora."
Para vigorar, o projeto de lei
ainda precisa de aprovação da
Câmara e do Senado antes de ir
para sanção presidencial.
O superintendente de Serviços Aéreos da Anac, Márcio
Gusmão, não rebateu as críticas feitas contra a agência e disse confiar nas mudanças pretendidas por Jobim.
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