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Só 40% dos helipontos em SP
receberam aval da prefeitura
Até 2008, agência federal de aviação liberava projeto sem consultar município
DA REPORTAGEM LOCAL
A concentração dos helipontos nas imediações da Vila
Olímpia é reveladora da desordem histórica na expansão dessa estrutura aérea na capital.
Tanto que só dez helipontos
da região são aprovados pela
prefeitura. E, dos 215 autorizados pela Anac, só 85 (40%) passaram por aval do município.
O motivo disso é que a agência federal da aviação liberava
as pistas para os helicópteros
sem requerer ao proprietário a
autorização da municipalidade.
A Anac afirma que essa prática mudou a partir de 2008
-tanto que, neste ano, nenhum
heliponto foi aprovado ainda
(há sete pedidos sob análise).
A prefeitura chegou a prometer um projeto de lei para ordenar os helipontos na capital
paulista ainda em 2007. Após
ser submetido a consulta pública, fixava, por exemplo, uma
distância mínima de 400 metros entre helipontos. Mas ele
não saiu do papel até hoje.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, neste
ano houve uma consulta à Secretaria de Negócios Jurídicos
e a proposta voltou à pasta para
ser analisada antes de ser encaminhada à Câmara Municipal.
"É um absurdo desvincular a
utilização do espaço aéreo do
uso e ocupação do solo. O impacto é direto, principalmente
devido ao barulho", afirma
Márcia Vairoletti, do Movimento Defenda São Paulo.
A frota de helicópteros registrada na capital paulista é hoje
de 325. A quantidade de pousos
e decolagens, segundo a Aeronáutica, passa de 200 por dia.
Mas ela não detalha especificamente a movimentação nas
imediações da Vila Olímpia,
onde, conforme relatam pilotos, frequentemente há tensão
no controle de voo para evitar
conflitos com aeronaves na rota do aeroporto de Congonhas.
A professora Valquíria Figueiredo, 62, moradora da Vila
Olímpia, sofre tanto com os helicópteros como com as deficiências no transporte. "Às vezes tenho que parar a aula no
meio para esperar. O barulho é
absurdo", relata ela, que trabalha no vizinho Itaim Bibi.
Aos sábados, para repor as
aulas que ficaram suspensas
devido à gripe suína, ela pena
com a suspensão de sua linha
de ônibus para chegar ao serviço -a 6401, Estação da Luz-Vila Olímpia, que não funciona
aos finais de semana. Resta a
Valquíria a opção de caminhar
um quilômetro ou pegar duas
conduções.
(ALENCAR IZIDORO)
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