São Paulo, domingo, 13 de setembro de 2009

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Só 40% dos helipontos em SP receberam aval da prefeitura

Até 2008, agência federal de aviação liberava projeto sem consultar município

DA REPORTAGEM LOCAL

A concentração dos helipontos nas imediações da Vila Olímpia é reveladora da desordem histórica na expansão dessa estrutura aérea na capital.
Tanto que só dez helipontos da região são aprovados pela prefeitura. E, dos 215 autorizados pela Anac, só 85 (40%) passaram por aval do município.
O motivo disso é que a agência federal da aviação liberava as pistas para os helicópteros sem requerer ao proprietário a autorização da municipalidade.
A Anac afirma que essa prática mudou a partir de 2008 -tanto que, neste ano, nenhum heliponto foi aprovado ainda (há sete pedidos sob análise).
A prefeitura chegou a prometer um projeto de lei para ordenar os helipontos na capital paulista ainda em 2007. Após ser submetido a consulta pública, fixava, por exemplo, uma distância mínima de 400 metros entre helipontos. Mas ele não saiu do papel até hoje.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, neste ano houve uma consulta à Secretaria de Negócios Jurídicos e a proposta voltou à pasta para ser analisada antes de ser encaminhada à Câmara Municipal.
"É um absurdo desvincular a utilização do espaço aéreo do uso e ocupação do solo. O impacto é direto, principalmente devido ao barulho", afirma Márcia Vairoletti, do Movimento Defenda São Paulo.
A frota de helicópteros registrada na capital paulista é hoje de 325. A quantidade de pousos e decolagens, segundo a Aeronáutica, passa de 200 por dia. Mas ela não detalha especificamente a movimentação nas imediações da Vila Olímpia, onde, conforme relatam pilotos, frequentemente há tensão no controle de voo para evitar conflitos com aeronaves na rota do aeroporto de Congonhas.
A professora Valquíria Figueiredo, 62, moradora da Vila Olímpia, sofre tanto com os helicópteros como com as deficiências no transporte. "Às vezes tenho que parar a aula no meio para esperar. O barulho é absurdo", relata ela, que trabalha no vizinho Itaim Bibi.
Aos sábados, para repor as aulas que ficaram suspensas devido à gripe suína, ela pena com a suspensão de sua linha de ônibus para chegar ao serviço -a 6401, Estação da Luz-Vila Olímpia, que não funciona aos finais de semana. Resta a Valquíria a opção de caminhar um quilômetro ou pegar duas conduções. (ALENCAR IZIDORO)


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