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VIOLÊNCIA
Assassinatos fora do centro expandido aumentaram 8,6% de 97 para 98; no centro, índice foi 1,3%
Violência na periferia de SP cresce seis vezes mais que na área central
SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local
A violência avança a galope na
periferia de São Paulo. No ano
passado, ela cresceu 5,6 vezes
mais rápido nas bordas da cidade
que na área central, segundo dados do CAP (Centro de Análise e
Planejamento), da Secretaria da
Segurança paulista, não divulgados oficialmente, mas obtidos
com exclusividade pela Folha.
Em 98, os assassinatos fora do
chamado centro expandido aumentaram 8,6% em relação ao
ano anterior -foram 4.704 casos
no ano passado contra 4.331 registrados em 97.
No mesmo período, a área central teve um aumento de 1,3% no
número de homicídios -447 em
97 contra 453 em 98.
No cálculo feito pela Folha foram considerados como centro
expandido os 20 distritos mais
centrais, abrangendo a região delimitada pelas áreas das delegacias de Lapa, Pinheiros, Itaim Bibi, Vila Mariana, Vila Clementino, Ipiranga, Mooca, Belém, Pari,
Bom Retiro e Perdizes.
As estatísticas dos distritos serão publicadas no anuário do
DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), que
deve estar pronto no final do mês.
O menor ritmo de crescimento
da violência na região central evitou uma explosão ainda maior da
estatística geral da cidade -que
teve 5.157 homicídios, recorde de
todos os tempos. Na média, os
homicídios na capital aumentaram 7,9% de 97 para 98 -14 vezes
mais do que a população, que
cresceu apenas 0,5%, de acordo
com a Fundação Seade.
Além de ficar evidente na diferença percentual em comparação
ao centro expandido, a explosão
da violência na periferia aparece
em outros índices.
Na periferia estão os dez distritos policiais com maior número
absoluto de assassinatos em 98
(veja quadro ao lado). Somadas,
as dez regiões tiveram 1.528 homicídios dolosos (intencionais) no
ano passado -30% dos casos registrados em toda a cidade, que
tem 93 delegacias de polícia.
Também estão na periferia os
nove distritos que tiveram aumento do número de assassinatos
superior a 150% em relação a 97
(veja quadro ao lado).
A explosão é liderada pelo 75º
DP (Jardim Arpoador), que engloba uma região pobre às margens da rodovia Raposo Tavares,
no extremo oeste da cidade.
O secretário-adjunto da Segurança Pública, Mário Papaterra
Limongi, afirma que a diferença
de índices entre o centro expandido e a periferia se deve à degradação das regiões mais afastadas,
decorrente da ocupação irregular.
Mas, a julgar pelo comportamento da própria secretaria, houve falhas na forma de policiar a cidade. No início do ano, a Polícia
Militar informou que mudaria
sua forma de trabalhar, passando
a priorizar as áreas periféricas.
Agora, o secretário-adjunto informou que as megablitze que vinham sendo feitas desde a gestão
do secretário anterior, José Afonso da Silva, não surtiram efeito.
Por isso, disse, o governo resolveu
mudar a estratégia de combate ao
crime (leia texto nesta página).
O ex-secretário da Segurança
José Afonso da Silva, titular da
pasta em 97 e 98, sustenta que
priorizou o combate à violência
na periferia. "Por isso, fui levando
pancada. A elite não aceita isso",
afirmou Silva ao deixar o cargo.
Exemplo disso, afirmava, eram
justamente as operações conjuntas de policiais civis e militares,
que agora serão deixadas de lado.
Colaborou André Lozano, da Reportagem
Local
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