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SAÚDE
Meta de erradicação foi alcançada, mas controle deve ser mantido
País comemora dez anos sem casos de poliomielite
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
O Brasil completa hoje dez anos
livre da poliomielite. O último caso da doença foi registrado em
Sousa (município a 434 km de
João Pessoa), na Paraíba, em 1989.
A vítima, Davson Rodrigues
Gonçalves, tinha 2 anos na época.
A erradicação foi certificada pela
Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) em 1994.
A representante do Unicef
(Fundo das Nações Unidas pela
Infância) no Brasil, Reiko Nimi,
disse à Folha que considera o sucesso brasileiro "gratificante",
mas adverte que ainda há riscos.
"A luta não acaba só porque não
há registro. A cobertura das campanhas de vacinação é muito desigual de uma região para outra, e
há sempre o risco de a pólio ser
importada de outros países."
De 1980 -quando foi realizada
a primeira campanha nacional de
vacinação no país- a 1989, a pólio infectou 2.934 pessoas no Brasil e fez 320 vítimas fatais.
Em 1983, o país chegou perto de
eliminar a doença, com o registro
de apenas 45 casos. Mas a falta de
mobilização para as campanhas
de vacinação fizeram a doença
voltar a crescer, atingindo o pico
de 612 vítimas em 1986.
Epidemia
A pólio ainda é considerada hoje uma epidemia na África, no sul
da Ásia e na região próxima ao
Mediterrâneo.
Até 1º de agosto, 2.468 casos de
pólio haviam sido registrados nas
três regiões. A maioria deles
(1.609) ocorreu na África, onde 30
dos 48 países ainda são afetados
pela doença.
Angola é o campeão mundial,
com 1.001 casos confirmados até
agosto. A Índia aparece em segundo lugar, com 541 casos.
Em 1988, a OMS (Organização
Mundial da Saúde) havia estabelecido como meta a erradicação
mundial da pólio até o ano 2000.
Entretanto, a eliminação do vírus
que causa a doença só foi certificada até agora nas Américas e na
região do Pacífico Ocidental.
No continente americano, o último caso confirmado da doença
aconteceu no Peru, em 91. Já no
Pacífico Ocidental, o última registro é de 96, no Camboja.
Na Europa, houve um caso de
pólio no ano passado, na Turquia.
Como ainda há chances de um
dos três vírus que causam a doença estar circulando no continente,
a OMS não certificou a erradicação da pólio na região.
Falta dinheiro
Por causa das dificuldades em
combater a pólio na África (sobretudo em países em guerra, como Congo, Serra Leoa, Libéria e
Angola) a meta da OMS foi revista
e agora a expectativa é que a
doença esteja erradicada até 2003.
Estimativas da OMS indicam
que será necessário o investimento de US$ 700 milhões nos próximos três anos para eliminar a circulação do vírus da pólio. Até
agora, entretanto, só foram arrecadados US$ 375 milhões.
As doações foram feitas por
quatro dos laboratórios que produzem a vacina oral contra a pólio, pelo Rotary Internacional, por
agências de cooperação técnica de
países desenvolvidos e por esportistas, como o jogador de futebol
Ronaldo.
Se a previsão de erradicação da
pólio para 2003 se confirmar, as
campanhas de vacinação poderão
ser suspensas em 2005.
Com isso, a estimativa é que o
mundo economizará US$ 1,5 bilhão por ano -dinheiro que é
gasto hoje com vacinação, exames
laboratoriais, vigilância epidemiológica e reabilitação das vítimas.
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