São Paulo, Quarta-feira, 13 de Outubro de 1999
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Oficial da PM diz que gravação foi "montada" para prejudicá-lo

LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local

O tenente-coronel Edson Pimenta Bueno Filho, do 5º Batalhão de Policiamento Militar Metropolitano de São Paulo, disse anteontem à corregedoria que a gravação em que aparece incitando policiais à violência foi "montada" para prejudicá-lo.
Pimenta, acusado de insubordinação e incitação ao crime, prestou um depoimento de seis horas na Corregedoria da PM e negou todas as acusações.
A sindicância contra o oficial foi aberta após publicação, na Folha, do último domingo, de trechos da fita cassete entregue por policiais do 5º BPM/M.
Na gravação, Pimenta diz à tropa, durante uma preleção, que lugar de "vagabundo é caixão" e sugere que criminosos feridos em tiroteio sejam mortos antes de chegar ao hospital.
O tenente-coronel diz ainda que o governador Mário Covas é o "boneco" que comanda o Estado e chama o secretário da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, de "idiota" e "hipócrita".

Autenticidade
Elaine Aparecida Chimure Theodoro, advogada de Pimenta, questionou a autenticidade da fita e disse que não reconhece a voz do cliente em várias frases.
"Ele (Pimenta) não denegriu ninguém. A fita foi editada e não corresponde à verdade. Algumas frases não fazem parte de seu vocabulário", afirmou.
Segundo Elaine, a fita cassete foi encaminhada ao IC (Instituto de Criminalística) e, em seguida, será analisada por peritos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que podem dizer se a voz da fita é realmente do tenente-coronel.
"Só após a conclusão desses dois laudos é que Pimenta vai conversar com a imprensa. Antes disso, preferimos esperar. Temos certeza de que ele está sendo vítima de praças que têm péssimo comportamento e que querem prejudicá-lo", disse Elaine.
Segundo a advogada, em quase 30 anos de carreira, Pimenta nunca respondeu a nenhum IPM (Inquérito Policial Militar). "Ele é uma pessoa íntegra, justa, correta e não tem nada a temer", afirmou.

Antecedentes
Não é a primeira vez que o comportamento de Pimenta lhe acarreta problemas.
Em abril de 1997, o tenente-coronel foi citado em sindicância na PM, junto com outros sete oficiais, por "falta disciplinar".
Na época, ele era oficial do 8º BPM/M e foi acusado de ter demorado para encaminhar a denúncia dos policiais que espancaram e mataram uma pessoa na favela Naval. Pimenta foi ouvido pela corregedoria e o processo foi arquivado.
Em dezembro de 1998, ocorreu um novo incidente. Pimenta, que era assistente do então técnico da Lusa, Candinho, foi vetado pelo clube após usar palavrões durante uma discussão com um diretor. O caso irritou dirigentes da equipe, que exigiram sua saída.
O novo contrato com a Lusa começa em fevereiro, segundo sua advogada, mas Pimenta nunca deixou de acompanhar o time.
"Ele é apaixonado pela Lusa. Não é um trabalho extra, não é bico. Ele vai trabalhar oficialmente no clube depois que entrar na reserva", disse Elaine.


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