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Oficial da PM diz que gravação foi "montada" para prejudicá-lo
LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local
O tenente-coronel Edson Pimenta Bueno Filho, do 5º Batalhão de Policiamento Militar Metropolitano de São Paulo, disse
anteontem à corregedoria que a
gravação em que aparece incitando policiais à violência foi "montada" para prejudicá-lo.
Pimenta, acusado de insubordinação e incitação ao crime, prestou um depoimento de seis horas
na Corregedoria da PM e negou
todas as acusações.
A sindicância contra o oficial foi
aberta após publicação, na Folha,
do último domingo, de trechos da
fita cassete entregue por policiais
do 5º BPM/M.
Na gravação, Pimenta diz à tropa, durante uma preleção, que lugar de "vagabundo é caixão" e sugere que criminosos feridos em tiroteio sejam mortos antes de chegar ao hospital.
O tenente-coronel diz ainda que
o governador Mário Covas é o
"boneco" que comanda o Estado
e chama o secretário da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, de "idiota" e "hipócrita".
Autenticidade
Elaine Aparecida Chimure
Theodoro, advogada de Pimenta,
questionou a autenticidade da fita
e disse que não reconhece a voz
do cliente em várias frases.
"Ele (Pimenta) não denegriu
ninguém. A fita foi editada e não
corresponde à verdade. Algumas
frases não fazem parte de seu vocabulário", afirmou.
Segundo Elaine, a fita cassete foi
encaminhada ao IC (Instituto de
Criminalística) e, em seguida, será analisada por peritos da Unicamp (Universidade Estadual de
Campinas), que podem dizer se a
voz da fita é realmente do tenente-coronel.
"Só após a conclusão desses
dois laudos é que Pimenta vai
conversar com a imprensa. Antes
disso, preferimos esperar. Temos
certeza de que ele está sendo vítima de praças que têm péssimo
comportamento e que querem
prejudicá-lo", disse Elaine.
Segundo a advogada, em quase
30 anos de carreira, Pimenta nunca respondeu a nenhum IPM (Inquérito Policial Militar). "Ele é
uma pessoa íntegra, justa, correta
e não tem nada a temer", afirmou.
Antecedentes
Não é a primeira vez que o comportamento de Pimenta lhe acarreta problemas.
Em abril de 1997, o tenente-coronel foi citado em sindicância na
PM, junto com outros sete oficiais, por "falta disciplinar".
Na época, ele era oficial do 8º
BPM/M e foi acusado de ter demorado para encaminhar a denúncia dos policiais que espancaram e mataram uma pessoa na favela Naval. Pimenta foi ouvido
pela corregedoria e o processo foi
arquivado.
Em dezembro de 1998, ocorreu
um novo incidente. Pimenta, que
era assistente do então técnico da
Lusa, Candinho, foi vetado pelo
clube após usar palavrões durante
uma discussão com um diretor. O
caso irritou dirigentes da equipe,
que exigiram sua saída.
O novo contrato com a Lusa começa em fevereiro, segundo sua
advogada, mas Pimenta nunca
deixou de acompanhar o time.
"Ele é apaixonado pela Lusa.
Não é um trabalho extra, não é bico. Ele vai trabalhar oficialmente
no clube depois que entrar na reserva", disse Elaine.
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