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Justiça Militar decide se cineasta irá depor
PM quer apurar a participação de policiais em "Tropa de Elite"; segundo corregedor, Padilha não pode ignorar convocação
O diretor do filme foi orientado por Sérgio Cabral a ignorar a convocação; segundo a PM, ele deporá como testemunha
MALU TOLEDO
DA SUCURSAL DO RIO
A Justiça Militar do Rio decidirá se o cineasta José Padilha,
diretor do filme "Tropa de Elite", terá de depor à Corregedoria da Polícia Militar, afirmou
ontem o corregedor da PM do
Rio, Paulo Roberto Paúl. A corporação quer apurar a participação de policiais no filme.
Segundo ele, Padilha foi chamado como testemunha porque tem dado entrevistas sobre
a PM. "Ele tem o direito de fazer o filme do jeito que quer e
não vai depor? É a Justiça Militar que está atuando. Isso não é
brincadeira, não é ficção."
José Padilha, diretor do filme, e Rodrigo Pimentel, co-roteirista e ex-comandante do
Bope, também convocado, já
disseram que não vão depor.
Paúl não quis comentar a declaração do governador Sérgio Cabral (PMDB), que disse para
Padilha "ignorar a intimação"
por considerá-la "uma inibição
despropositada". Ele disse que
há exagero, já que civis depõem
na PM todo dia.
A intimação para depor na
PM, recebida pelos diretores do
filme "Tropa de Elite" anteontem, é questionada por advogados. Eles acreditam que Cabral
tenha dito para Padilha "ignorar a intimação" porque não é
atribuição da PM chamar um
civil para prestar depoimento.
Apesar de ser o chefe maior da
instituição, o governador não
tem poder de interferência em
inquéritos militares.
Padilha procurou a assessoria de Cabral após receber a intimação. Foi orientado a ignorá-la. O Inquérito Policial Militar foi aberto para apurar se policiais atuaram no filme e se os
atores usaram armas e equipamento do Estado nas filmagens. Paúl disse que o inquérito
foi aberto a partir de averiguações do Bope (Batalhão de Operações Especiais da PM) e a pedido do comandante do unidade, coronel Pinheiro Neto.
"A PM guarda alguns resquícios da ditadura. É uma ilegalidade usar isso para pressão",
disse João Tancredo, advogado
de Rodrigo Pimentel e de Luiz
Eduardo Soares, co-autor do livro "Elite da Tropa".
Quanto à ameaça de prisão
caso não compareçam ao depoimento, Tancredo diz que
eles não correm esse risco.
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