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Shopping adota equipamento antiterror
Trinta centros comerciais negociam compra de aparelho de reconhecimento facial para conter onda de assaltos
Dois shoppings nobres de SP têm interesse na tecnologia; dirigente
de associação sugere cautela na aquisição
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO
Equipamentos de reconhecimento facial usados em
Israel contra terroristas estão
sendo adquiridos e adaptados no Brasil para conter
uma onda de assaltos a shopping centers.
Ao menos 30 centros comerciais iniciaram negociações com empresas de tecnologia e de capacitação israelenses para aprimorar seus
sistemas de segurança.
Os valores desses projetos
e os nomes dos clientes são
mantidos em sigilo. A Folha
apurou que dois shoppings
localizados em regiões nobres da capital paulista já negociam o equipamento.
O reconhecimento facial
que Israel utiliza em suas
fronteiras para identificar
possíveis homens-bomba foi
alterado para que shoppings
montem bancos de dados de
possíveis suspeitos.
Um dos programas à venda usa câmeras de alta resolução para fazer reconhecimento biométrico dos frequentadores dos shoppings.
Esse software capta a imagem da pessoa e, baseado na
massa craniana dela, cria um
número. Se, dias depois, a
mesma pessoa aparecer no
shopping com barba e o cabelo pintado de outra cor, o
sistema o reconhecerá imediatamente. Assim, atitudes
suspeitas poderão ser identificadas com maior facilidade.
"Nossos seguranças não
querem, não podem e não
vão prender ninguém. Mas,
constatado um crime, a polícia terá os dados necessários
para pegar os bandidos", diz
o executivo de um shopping.
Só na Grande São Paulo, 12
joalherias localizadas em
shoppings foram assaltadas
neste ano. Desde então, administradores decidiram dividir os investimentos em segurança em duas áreas: a de
vigilância ostensiva -com a
presença de seguranças armados- e a de inteligência.
Um dos equipamentos que
está sendo adquirido pelos
shoppings é similar ao usados por pilotos de helicóptero para identificar suspeitos
em ações de combate ao terrorismo. A câmera tem uma
resolução inferior, mas o
princípio é o mesmo: identificar um possível infrator.
"O que Israel usa na área
de defesa de seu território,
nós usamos no setor de segurança privada", diz o empresário Arnaldo Maciel Jr., diretor da Ex-Sight, empresa que
cria softwares de segurança.
TREINAMENTO
Além dos novos equipamentos, os executivos dos
shoppings também pretendem treinar seus profissionais da área de segurança.
Um dos treinamentos será
oferecido aos gestores de segurança e ministrado em Israel, onde alguns shoppings
chegam a fiscalizar o porta-malas dos veículos de clientes em busca de bombas.
"O treinamento não visa
uma questão tática, de como
agir, mas a forma de planejar
ações de segurança" , afirma
Maurício Reggio, sócio da
consultoria ICTS Global.
Para o diretor da Alshop
(Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings), Luís
Augusto Ildefonso da Silva, a
compra de novas tecnologias
é importante, desde que a
execução dos projetos seja
feita com cautela. "Cada país
tem uma cultura diferente no
combate aos crimes."
Colaborou VINICIUS QUEIROZ GALVÃO
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