São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 2011

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AGOSTINHO PRETTO (1924-2011)

O padre e a juventude operária

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Padre Agostinho Pretto ficou anos sem tocar no assunto com a família. Só muito tempo depois falaria abertamente sobre o período em que foi preso e torturado, durante a ditadura (1964-1985).
Neto de italianos e filho de agricultores, Agostinho nasceu em Encantado, cidade gaúcha de 20.510 habitantes. Entrou para o seminário ainda novo e se ordenou padre em 1953, em Porto Alegre.
Logo começou a trabalhar na cidade com jovens e a organizar a JOC (Juventude Operária Católica). Em 1963, a pedido de dom Hélder Câmara, mudou-se para o Rio, para ser assistente eclesiástico nacional do movimento.
Seu envolvimento foi tanto que acabou se tornando assistente da JOC na América Latina. Visitou vários países ajudando a criar lideranças.
No governo militar, porém, com a repressão aos movimentos de esquerda, teve de viver clandestinamente numa favela. Em 1970, acabou preso e torturado -ficou mais de dois meses na cadeia.
Após ser solto, exilou-se no Peru. Voltou em 1974, para morar em Nova Iguaçu (RJ), onde continuou envolvido com movimentos populares. Fundou a Pastoral Operária.
Ronaldo, que trabalhava com o padre desde os anos 80, lembra que Agostinho até sequestrado foi, quando era pároco num bairro violento da cidade. Conseguiu fugir após pedir para rezar uma missa: pegou o carro e sumiu.
Segundo os sobrinhos, o padre era muito humilde, desprendido de valores materiais e de ótima memória.
Teve um câncer na garganta. Morreu na quinta-feira passada, aos 87 anos, após sofrer um infarto.

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