|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÁLISE
Receita deve ficar menor
GUSTAVO PATÚ
Coordenador de Economia
da Sucursal de Brasília
A arrecadação de impostos
teve um grande impulso após o
Plano Real, mas as taxas de
crescimento da receita dos governos vêm caindo ano a ano.
À medida que os efeitos do plano sobre a atividade econômica perdem força, torna-se arriscado contar com mais renda
dos tributos.
O ICMS, uma das principais
fontes de receita dos Estados e
dos municípios, incide sobre a
venda de mercadorias e serviços. Quanto maior o consumo,
maior é sua arrecadação.
Quando a inflação foi controlada, o consumo disparou. De
94 para 95, a arrecadação de
ICMS no país cresceu 84%, de
R$ 25,7 bilhões para R$ 47,2 bilhões. Não é difícil entender
por quê. A queda da inflação
significa aumento de poder de
compra dos salários. Como as
pessoas compram mais, as empresas investem para produzir
mais.
Esse ciclo, porém, não dura
para sempre. No caso do Plano
Real, o governo foi obrigado a
conter o crescimento da economia para evitar que as importações aumentassem demais e o país perdesse seus dólares. Em 96, a arrecadação de
ICMS continuou crescendo,
mas já em ritmo menor: a receita naquele ano foi de R$ 55,7
bilhões, 18% acima da registrada em 95.
O crescimento da arrecadação continuou caindo: em 97, o
ICMS trouxe aos cofres públicos R$ 59,6 bilhões, 7% acima
do volume do ano anterior. No
primeiro semestre deste ano,
foram R$ 30,2 bilhões, com
crescimento de menos de 5%
em relação ao mesmo período
de 97. Em todo esse período, a
economia brasileira se manteve em crescimento Äou seja, a
cada ano, foram produzidos e
consumidos mais bens e serviços que no ano anterior.
Entretanto, a crise financeira
internacional deve reverter esse movimento. Sem investimentos estrangeiros, em 99 a
produção brasileira deve ser
igual ou inferior à deste ano. E
o mesmo deve acontecer com a
arrecadação de impostos.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|