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SEXUALIDADE
Jovens buscam respeito e admiração na marginalidade, dizem pesquisadores
Obrigação de ser 'macho' leva ao crime
AURELIANO BIANCARELLI
enviado especial a Oaxaca, México
O estereótipo do homem admirado no grupo, respeitado pela
força e pelo dinheiro que ganha,
está contribuindo para empurrar
um maior número de adolescentes
para a marginalidade e a violência.
Assustados diante da falta de
emprego e desafiados em seus dotes como "machos", muitos estão
buscando amparo no tráfico de
drogas e nas gangues.
Nas classes média e alta, os adolescentes se exibem nos rachas por
avenidas, na prática de esportes
violentos e até no sexo sem camisinha. O homem idealizado, em
lugar de ser um modelo de proteção, está cada vez mais colocando
os adolescentes em risco.
A preocupação com os danos do
machismo sobre os jovens é um
dos temas do simpósio internacional sobre a "participação masculina na saúde sexual e reprodutiva" que acontece em Oaxaca, no
México.
Vários estudos apresentados
mostram os jovens em perigo e
angustiados diante do desempenho que cobram dele.
Gary Barker, pesquisador da
Universidade de Chicago, acompanhou dois grupos de adolescentes no Rio de Janeiro e um terceiro
em Chicago (EUA).
No Rio, eram moradores de favela e de bairros da periferia. "Há
uma pressão muito grande para
que ele seja o provedor", afirma
Barker. "Diante do desemprego, a
marginalidade e a violência surgem como opção, embora um número grande de jovens esteja resistindo a isso."
Nas entrevistas, os jovens identificam o chefe do tráfico dos morros cariocas e os líderes das gangues de Chicago como o ideal de
masculinidade. "A cobrança pelo
papel de homem está associada ao
abandono escolar, ao aumento do
uso de drogas, da violência e dos
problemas de saúde", afirma o
pesquisador.
Margareth Arilha, diretora da
Ecos, um grupo de estudos em comunicação em sexualidade de São
Paulo, relata casos de adolescentes
que cometeram violências para se
integrar ao grupo e que, quando
adultos, sofrem com isso.
Um deles contou ter participado
de vários estupros na periferia onde morava para ser aceito na turma. José Olavarría, sociólogo e
pesquisador da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais,
do Chile, chega a relacionar o suicídio na adolescência às pressões
impostas sobre os jovens.
Teresa Valdés, socióloga da mesma faculdade e especialista no
mesmo tema, diz que as "questões de gênero" em todo o mundo
estão ajudando a entender a marginalização e a violência de muitos
jovens.
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