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SEGURANÇA
Procuradoria Geral de Justiça transferiu, por divergências internas, dois dos responsáveis por investigar facção criminosa
Promotores deixam força-tarefa anti-PCC
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio a uma das maiores
crises envolvendo o PCC (Primeiro Comando da Capital), que estaria por trás da série de atentados
contra a polícia de São Paulo desde o dia 2, a Procuradoria Geral de
Justiça do Estado decidiu transferir seus dois promotores da força-tarefa que investigava a facção
desde a megarrebelião de 2001.
Na decisão publicada no "Diário Oficial" de ontem, os promotores Roberto Porto e Márcio Sérgio Christino solicitaram a saída
do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). A Folha apurou que a
Procuradoria Geral pediu a saída
deles por divergências internas.
Procurados ontem à tarde, os
dois promotores não quiseram falar sobre o caso. Porto estava no
Gaeco desde 99, tendo participado das investigações da máfia da
propina, que envolvia fiscais da
Prefeitura de São Paulo, e Christino entrou no grupo no ano passado, após a primeira onda de atentados feita pelo PCC. Os dois,
mais o delegado Rui Ferraz Fontes, do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), formavam a principal
frente de combate à facção.
Segundo o procurador-geral de
Justiça do Estado, Luiz Antonio
Guimarães Marrey, a saída deles
está relacionada com a divulgação
de uma entrevista gravada com o
traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, no
CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes, divulgada no último domingo pela TV Globo, na qual ele reclama do regime disciplinar.
"A entrevista do Fernandinho
Beira-Mar foi filmada pelo Ministério Público para arquivo interno. A veiculação é indevida e inaceitável, confrontando com a Lei
de Execuções Penais", disse Marrey, afirmando que os dois promotores são "excelentes".
Segundo ele, outros promotores
do Gaeco vão assumir os casos
que envolvem o PCC. "Não haverá prejuízo à sociedade", disse. O
procurador-geral não quis falar se
os dois serão punidos.
Porto e Christino montaram
nos últimos dois anos uma rede
de captação de informações, em
parceria com a Polícia Civil, com
informantes próprios e que alimentava ações repressivas e preventivas. Esse trabalho, por exemplo, levou à prisão, no mês passado, do advogado Mário Sérgio
Mungioli, que estaria ajudando o
PCC a planejar atentados, como
"pombo-correio".
Promotores ouvidos ontem,
que não querem ser identificados,
disseram que a Promotoria vai levar um tempo para recompor o
que existia e criticaram a decisão.
Sobre a fita divulgada pela TV
Globo, a Folha apurou que ela foi
feita no mesmo dia da prisão de
Mungioli e que Beira-Mar autorizou a gravação. Os promotores
disseram a amigos que, por engano, a fita com as imagens da prisão do advogado, divulgadas no
dia da prisão, saíram do Gaeco
para a Globo com a entrevista do
traficante.
(ALESSANDRO SILVA)
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