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SEGURANÇA
Rapaz afirma que foi tratado como bandido ao ser preso com mais 146 pessoas; polícia diz que objetivo era individualizar acusação
Jovem detido em festa critica abuso policial
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Alguns dos jovens detidos na
noite de segunda-feira por estarem em uma festa que, segundo a
polícia de São Paulo, foi organizada para comemorar os atentados
atribuídos ao PCC (Primeiro Comando da Capital) acusaram policiais de abuso de autoridade.
Durante a ação, 147 pessoas foram detidas e passaram cerca de
12 horas no prédio do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) para
averiguação. Somente duas permaneceram presas, porque havia
mandado de prisão contra elas.
A ação chegou a ser usada como
exemplo pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) de reação do
Estado aos ataques da facção.
Um dos rapazes ouvidos pela
Folha, que pediu para não ser
identificado por temer represália,
disse que perdeu o emprego após
ter sua imagem veiculada na televisão e associada à facção. Segundo ele, a polícia "tratou todo
mundo como bandido". Mesmo
assim, ele afirmou que não pensa
em processar o Estado.
O jovem conta que a festa, realizada em um bufê no Jardim Sapopemba (zona leste), era de aniversário de um morador do bairro.
Ontem, três rapazes ouvidos pela Folha disseram que "os policiais chegaram atirando". Um deles, que trabalha como motoboy,
disse que "eles [os policiais] não
respeitaram nem mesmo grávidas ou menores". Dos detidos,
cerca de 30 eram mulheres.
O motoboy disse que ficou com
vergonha dos vizinhos, já que
agora todos pensam que ele é ligado ao PCC. Mesmo sem estar no
evento, um padeiro, que também
não quis se identificar, perdeu o
emprego. Ele esteve no Deic porque seu irmão estava entre os detidos. Afirma que contou ao seu
chefe o motivo do atraso. Ele, então, resolveu demiti-lo.
A assessoria de imprensa do
Deic informou, por meio de uma
nota, que a operação ocorreu porque a polícia recebeu informações
de que haveria uma festa promovida pelo PCC para festejar o final
de ano e o êxito dos atentados
contra as polícias Civil e Militar.
Na segunda-feira, segundo a
nota, moradores do Jardim Sapopemba pararam um carro para
reclamar de uma festa onde os
participantes estariam disparando rajadas, possivelmente de metralhadoras. "Ao chegarem ao bufê, os policiais foram recebidos a
bala", afirma a nota. Como havia
encontrado duas armas e 60 gramas de maconha no local, a polícia decidiu encaminhar todos para o Deic "para individualizar a
conduta criminosa praticada".
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