MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

Num país em que mais da metade (51,3%) da população é feminina, só 6% dos prefeitos dos 5.560 municípios são mulheres. São 346 prefeitas em todo o país, que administram cidades em que vivem 21 milhões de brasileiros (11,8%), entre os quais os cerca de 10,4 milhões de paulistanos.
A proporção de prefeitas é maior no Nordeste, onde elas administram 8,7% das 1.792 cidades da região. Do total de prefeitas do país, 156 (45,1%) estão lá. No Norte, 8% dos municípios são administrados por mulheres. No Centro-Oeste, 7,5%. No Sudeste, 4,7%. No Sul, 2,5%.
A pesquisa mostra que as prefeitas são mais escolarizadas: 56% delas têm o curso superior completo ou incompleto, contra 46,3% dos prefeitos.
"O estudo reproduz um pouco o percentual de representação feminina de outras instâncias da vida política brasileira, como o Legislativo, no qual fica entre 5% e 10%. A taxa nos transforma em um dos piores países em termos de representação feminina no mundo", disse o cientista político Jairo Nicolau, do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Estado do Rio de Janeiro).
Para o cientista político Antonio Carlos Alkmim, do IBGE, o fato de o Nordeste ser a região com o maior percentual de mulheres prefeitas do país confirma a análise histórica de que a alternância de poder se faz, muitas vezes, entre integrantes de uma mesma família, vinculada às elites políticas.
"A lógica da entrada das mulheres na política tem a ver com laços familiares. Ou seja, o prefeito coloca a mulher para disputar eleitoralmente a sua vaga, porque ele vai ser candidato a deputado federal ou a outro cargo eletivo. Há também essa lógica na região metropolitana do Rio", disse.
A pesquisa constatou que representatividade política no Brasil está muito aquém da média de países mais desenvolvidos. No Brasil, há 2.860 habitantes para cada vereador. Na França, são 110 habitantes por representante. Nos EUA, totalizam 490.
Dos 5.560 prefeitos, 2.270 (41%) conseguiram se reeleger em 2000. O diferencial por gênero mostra que os homens têm um percentual de reeleição superior ao das mulheres (41% contra 38%).
Quanto mais populoso o município, maior o grau de instrução, a participação da mulher na prefeitura e os percentuais de reeleição.
A pesquisa constatou ainda que, apesar dos muitos partidos existentes no país, só cinco deles (PMDB, PSDB, PFL, PPB e PTB) controlavam 78,3% das cidades em 2001. O PT tinha apenas 3% das prefeituras há dois anos.


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