São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 2006

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Lula dá 48 h para solução de crise do Incor

Ministros da Fazenda e da Saúde devem apresentar propostas para problema

Presidente se reuniu com conselho do hospital; uma das saídas pode ser permitir que instituição receba novo empréstimo do BNDES


AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intercedeu ontem pelo Incor (Instituto do Coração) e determinou que os ministros Guido Mantega (Fazenda) e José Agenor Álvares (Saúde) encontrem uma solução para a crise financeira que atinge a instituição. As propostas devem ser apresentadas em 48 horas.
A Fundação Zerbini, entidade privada que administra o hospital, tem uma dívida de R$ 245 milhões e corre risco de insolvência (comparável à falência). A ordem foi dada em um encontro que reuniu o presidente, os ministros e membros do Conselho Diretor do Incor e do Conselho Curador da Fundação Zerbini no pavilhão de autoridades do aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
Nesta semana, o hospital atrasou o pagamento de funcionários e ameaçou reduzir o atendimento de pacientes graves do SUS, que seriam encaminhados a outras instituições para dar mais espaço ao atendimento de planos e seguros privados de saúde.
O presidente Lula e sua família são pacientes do Incor.
Segundo Mantega, o presidente determinou que os ministros encontrem uma solução "para que o Incor possa se recuperar e se restabelecer".
A fundação tem dívidas com o BNDES (R$ 117 milhões), com bancos privados (R$ 78 milhões) e com fornecedores (R$ 50 milhões). De acordo com a própria fundação, a elevação da dívida tem dois motivos: a construção do bloco 2 do Incor e a instalação de uma unidade do Incor em Brasília.
O ministro disse que estudará as soluções possíveis para o caso nessas próximas 48 horas, mas adiantou que, apesar de a fundação ter uma grande dívida com o BNDES, esse banco provavelmente emprestará dinheiro à instituição.
A fundação diz que um financiamento já foi pedido e liberado pelo BNDES. Entretanto, um dos entraves é a necessidade de outro banco, público ou privado, intermediar a transação. Até agora, nenhum banco aceitou a idéia.
"Talvez o próprio BNDES possa fazer uma reestruturação e ele mesmo passar diretamente [os recursos] para o Incor. É isso que nós vamos estudar. Eu não quero me antecipar porque não estou com o BNDES aqui", afirmou Mantega.
O ministro Guido Mantega disse ainda que irá procurar o governo do Estado de São Paulo "porque, a rigor, o Incor é um hospital estadual". "Vamos conversar, vamos juntar esforços do governo federal, do estadual e do BNDES", disse.
O diretor-executivo do Incor, David Uip, afirmou que a fundação precisa de um aporte de R$ 20 milhões imediatamente -para cobrir a folha de pagamentos, o 13º salário e encargos até o final do ano. "Isso tem que entrar já para honrarmos o que devemos", afirmou. Neste mês, em razão da crise financeira, a fundação atrasou em um dia o pagamento dos cerca de 3.000 funcionários do Incor. Uip considera essa situação como "o pior dos mundos".
Segundo ele, a médio prazo será necessário um empréstimo de R$ 220 milhões para saldar a dívida. "Precisamos de um empréstimo em que haja período de carência, juros baratos e alongamento da dívida."


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