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Lula dá 48 h para solução de crise do Incor
Ministros da Fazenda e da Saúde devem apresentar propostas para problema
Presidente se reuniu com conselho do hospital; uma das saídas pode ser permitir que instituição receba novo empréstimo do BNDES
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intercedeu ontem pelo Incor (Instituto do
Coração) e determinou que os
ministros Guido Mantega (Fazenda) e José Agenor Álvares
(Saúde) encontrem uma solução para a crise financeira que
atinge a instituição. As propostas devem ser apresentadas em
48 horas.
A Fundação Zerbini, entidade privada que administra o
hospital, tem uma dívida de R$
245 milhões e corre risco de insolvência (comparável à falência). A ordem foi dada em um
encontro que reuniu o presidente, os ministros e membros
do Conselho Diretor do Incor e
do Conselho Curador da Fundação Zerbini no pavilhão de
autoridades do aeroporto de
Congonhas, em São Paulo.
Nesta semana, o hospital
atrasou o pagamento de funcionários e ameaçou reduzir o
atendimento de pacientes graves do SUS, que seriam encaminhados a outras instituições
para dar mais espaço ao atendimento de planos e seguros privados de saúde.
O presidente Lula e sua família são pacientes do Incor.
Segundo Mantega, o presidente determinou que os ministros encontrem uma solução "para que o Incor possa se
recuperar e se restabelecer".
A fundação tem dívidas com
o BNDES (R$ 117 milhões),
com bancos privados (R$ 78
milhões) e com fornecedores
(R$ 50 milhões). De acordo
com a própria fundação, a elevação da dívida tem dois motivos: a construção do bloco 2 do
Incor e a instalação de uma unidade do Incor em Brasília.
O ministro disse que estudará as soluções possíveis para o
caso nessas próximas 48 horas,
mas adiantou que, apesar de a
fundação ter uma grande dívida com o BNDES, esse banco
provavelmente emprestará dinheiro à instituição.
A fundação diz que um financiamento já foi pedido e liberado pelo BNDES. Entretanto,
um dos entraves é a necessidade de outro banco, público ou
privado, intermediar a transação. Até agora, nenhum banco
aceitou a idéia.
"Talvez o próprio BNDES
possa fazer uma reestruturação
e ele mesmo passar diretamente [os recursos] para o Incor. É
isso que nós vamos estudar. Eu
não quero me antecipar porque
não estou com o BNDES aqui",
afirmou Mantega.
O ministro Guido Mantega
disse ainda que irá procurar o
governo do Estado de São Paulo "porque, a rigor, o Incor é um
hospital estadual". "Vamos
conversar, vamos juntar esforços do governo federal, do estadual e do BNDES", disse.
O diretor-executivo do Incor,
David Uip, afirmou que a fundação precisa de um aporte de
R$ 20 milhões imediatamente
-para cobrir a folha de pagamentos, o 13º salário e encargos
até o final do ano. "Isso tem que
entrar já para honrarmos o que
devemos", afirmou. Neste mês,
em razão da crise financeira, a
fundação atrasou em um dia o
pagamento dos cerca de 3.000
funcionários do Incor. Uip considera essa situação como "o
pior dos mundos".
Segundo ele, a médio prazo
será necessário um empréstimo de R$ 220 milhões para saldar a dívida. "Precisamos de
um empréstimo em que haja
período de carência, juros baratos e alongamento da dívida."
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