São Paulo, sexta-feira, 13 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ex-presidiário apela a colegas

DA REPORTAGEM LOCAL

Dez dias depois de conseguir a liberdade, o ex-detento I.G.T., 32, liga para o advogado da Funap. O profissional se apressa em falar que irá a qualquer hora visitá-lo na cadeia e ver sua situação. "Não precisa mais, já estou solto", diz o ex-preso. E desliga o telefone.
A história é contada pelo próprio T. para ilustrar o descaso e a burocracia que ele diz ter enfrentado na cadeia. "O advogado da Funap não acompanhou o processo. Não sabia que existia uma decisão e que eu já estava solto", disse. Acusado de estelionato, ele foi condenado a dois anos e seis meses de prisão. Ficou na cadeia um ano e oito meses, dois terços da pena.
Quando completou um ano na cadeia, T. disse que procurou o advogado da Funap da Casa de Detenção, no complexo do Carandiru, e informou que tinha direito ao regime semi-aberto.
Só que, segundo T., ele só conseguiu falar novamente com o advogado dois meses depois. No segundo encontro, o advogado juntou os documentos, que T. mesmo tratou de reunir, e encaminhou o pedido.
Segundo o ex-preso, foram mais três meses até que ele fizesse o laudo criminológico. Depois enfrentou outra agonia: a falta de informações sobre a tramitação do pedido. Apelou de novo ao coleguismo. Pediu ao advogado de um colega preso que acompanhasse também o seu caso, o que ocorreu.
T. acabou conseguiu albergue familiar e foi para casa. "Se não fosse o advogado desse colega, teria cumprido toda a pena, ou até mais", afirmou T., solto em 1998.


Texto Anterior: Sistema privisional: 49% dos presos dizem não ter advogado
Próximo Texto: Preso com direito a benefício tem prioridade
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.