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SISTEMA PRISIONAL
Diretora diz que total de prejudicados é inferior a 49%, percentual dos que não tiveram contato com advogado
Preso com direito a benefício tem prioridade
DA REPORTAGEM LOCAL
A diretora-executiva da Funap,
Berenice Maria Giannella, afirma
que a declaração de 49% dos presos, que dizem não ter advogado,
mostra que há uma falha no que
ela chama de "trabalho preventivo". Mas, segundo ela, não significa que os 49% estejam em condições de solicitar benefícios.
Berenice disse que faltam advogados -são 197 profissionais, enquanto o órgão possui, no papel,
271 vagas-, mas que isso não gerou grande atraso nas solicitações
à Justiça.
Segundo ela, pelo quadro reduzido, a prioridade de atendimento
são os presos que têm prazo para
pedir os benefícios. "Na verdade,
esses presos não tiveram contato
com advogados. Não quer dizer
que a unidade não tenha assistência e que ele não seja atendido
quando o prazo vencer."
As 108 unidades prisionais de
São Paulo possuem advogados,
segundo a diretora-executiva da
Funap. São 197 profissionais da
Funap em São Paulo, supervisionados por 22 procuradores do Estado. A carência de profissionais é
suprida, em parte, pelos próprios
presos. A Funap chega a pagar 93
detentos para auxiliar nesse trabalho. Eles fazem fichas e montam arquivos sobre a situação jurídica dos presos.
"São os chamados parajurídicos, presos que conhecem um
pouco de Direito e que escrevem
até petições à Justiça", relatou o
presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil), João
José Sady.
Segundo Berenice, a falta de
contato de quase metade dos presos com os advogados da Funap,
relatada no levantamento, mostra
uma falha do acompanhamento
pelo órgão. A orientação da Funap, segundo ela, é que os advogados conversem com os presos
apenas para informá-los de sua situação jurídica. "Com isso, não
vão se sentir desamparados", disse a diretora-executiva.
Esse "trabalho preventivo", segundo definição de Berenice, poderia evitar descontentamentos
que, às vezes, incentivam conflitos nas cadeias. "Muitas vezes, o
preso não tem direito ao benefício
ou o benefício foi negado pela Justiça. O detento não sabe e se revolta contra o sistema prisional."
Berenice lembrou que o acompanhamento jurídico dos presos
era muito precário na Casa de Detenção, e que esse foi um dos motivos da sua desativação. Segundo
ela, esse problema é menos frequente em unidades pequenas.
Ela também informou que começou este mês um mutirão em
cadeias, com a utilização de estagiários, para verificar a situação
dos presos.
(GILMAR PENTEADO)
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