|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NARCOTRÁFICO
Em gravações, nome de juiz é mencionado por pessoas ligadas a deputado suspeito de intermediar venda de habeas corpus
Ministro do STJ é citado em investigação
ALESSANDRO SILVA
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O nome do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Vicente Leal de Araújo é citado nos relatórios de grampos telefônicos da
Polícia Federal na investigação
que aponta a venda de habeas
corpus para narcotraficantes.
O ministro Araújo foi procurado durante toda a tarde de ontem
por telefone, mas as ligações não
foram atendidas em seu gabinete
no STJ.
A reportagem também procurou o ministro pessoalmente, mas
foi informada pela chefe de gabinete, que se identificou apenas como Rita, que Leal tinha viajado
ontem para Fortaleza após a sessão da 6ª Turma da corte.
Não há conversas diretas do ministro do STJ com traficantes da
quadrilha de Leonardo Dias Mendonça, o Leo, preso nesta semana
na Operação Diamante.
Deputado
O nome do ministro Araújo
aparece em diálogos entre pessoas ligadas ao deputado federal
Pinheiro Landim (PMDB-CE),
suspeito de intermediar contatos
com o Judiciário para a venda de
habeas corpus.
Segundo a investigação da Polícia Federal, o deputado, seu assessor Igor Santos da Silveira, filho
do desembargador do TRF da 1ª
Região Eustáquio Silveira, e um
advogado de Brasília de nome
Márcio coordenavam os contatos
dessa rede de influência. Os traficantes, segundo as investigações,
não falavam diretamente com os
magistrados.
Em nota divulgada na última
terça-feira, Eustáquio Silveira negou que tivesse concedido habeas
corpus a Mendonça.
A Polícia Federal também identificou outro deputado federal
que atuaria em conjunto com
Landim, supostamente fazendo
tráfico de influência com juízes federais. Esse congressista também
seria suspeito de homicídio no
Ceará.
O ministro do STJ Vicente Leal e
dois desembargadores do TRF
(Tribunal Regional Federal) da 1ª
Região, entre eles Eustáquio Silveira, deverão ser investigados
por causa das gravações feitas pela Polícia Federal.
Relatório
""Igor é funcionário do gabinete
do deputado federal Pinheiro
Landim e filho do desembargador
federal Eustáquio da Silveira,
existindo notícias nos autos de
envolvimento de ambas as autoridades em esquema de corrupção
para favorecimento de réus em
processos de tráfico de drogas",
afirma o juiz José Godinho Filho,
da 5ª Vara Federal de Goiás, no
relatório em que decretou a prisão de integrantes da quadrilha de
Mendonça, assinado no dia 15 de
outubro.
No documento, do início da
operação, Godinho negou o pedido de prisão do assessor do deputado porque ele não estaria envolvido com o tráfico, mas com outros delitos, definidos como ""corrupção destinada à obtenção da
absolvição ou soltura dos membros da organização dos presos".
De acordo com a polícia, a rede
de influência teria funcionado ativamente nos últimos três anos.
O deputado Pinheiro Landim
não atendeu aos telefonemas da
Folha para seu celular e não foi localizado em seu gabinete na Câmara ontem.
A Polícia Federal está avaliando
a possibilidade de transferir para
Brasília o traficante Leonardo
Dias Mendonça e outros 22 integrantes de sua quadrilha, considerada a maior distribuidora de cocaína do país, segundo o chefe da
Comunicação Social da Polícia
Federal, delegado Reinaldo de Almeida César.
Todos foram presos no último
dia 9, numa grande operação realizada pela Polícia Federal em nove Estados e no Distrito Federal, e
estão em Goiânia.
Se forem transferidos, eles ficarão em prisão preventiva na Superintendência da Polícia Federal,
em Brasília.
Texto Anterior: Dengue: Portaria define índice de perigo à saúde pública Próximo Texto: Justiça: Seminário discute lavagem de dinheiro Índice
|