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Turma da Uerj abre conta para ajudar cotistas
DA SUCURSAL DO RIO
A entrada de universitários
pelo sistema de cotas continua
não sendo unânime na Uerj.
Apesar disso, não houve denúncia formal de racismo e, em
alguns casos, a iniciativa de ajudar os cotistas com mais dificuldade partiu dos alunos.
Foi o que aconteceu com a
turma do primeiro ano de medicina, que abriu uma conta
para ajudar os estudantes com
dificuldade financeira. "A gente percebeu que alguns não tinham o material ou livro para
acompanhar as aulas e pedimos contribuições para toda a
turma", conta Juliana Lua, 19.
O estudante de letras Maximiano da Silva, 33, que entrou
pela cota de negros e pardos,
cobra mais apoio: "A gente foi
cobaia de Deus. É preciso melhorar a qualidade do atendimento ao estudante. Não há
um restaurante universitário".
Apesar das dificuldades, a
pesquisadora Raquel Lenz Cesar, professora de direito da
UniRio e uma das coordenadoras do Programa Políticas da
Cor na Educação Brasileira da
Uerj, afirma que os resultados
até agora são positivos.
Ela fez uma dissertação de
mestrado sobre o tema e teve
acesso às notas do estudante
que entrou com a nota mais
baixa no vestibular de 2003. Esse aluno, cujo nome não foi divulgado, tirou nota 6,25 no vestibular, enquanto o estudante
com menor nota a entrar fora
das cotas teve nota 77,5. Seu desempenho, porém, não destoa
do da turma: ele foi aprovado
em todas as disciplinas.
Mas essa percepção do sucesso das cotas não é unânime. O
vice-presidente do centro acadêmico dos alunos de engenharia, Rafael Emerick, diz que
faltou estrutura da universidade. "Sou a favor das cotas, mas
o que aconteceu na engenharia,
que tem disciplinas muito puxadas no primeiro ano, foi que
vários professores acabaram
sendo deslocados dos últimos
períodos para ajudar no reforço às turmas que estavam tendo dificuldade no início do curso. A reprovação aumentou
muito e isso está criando uma
bolha porque a universidade
não tem professores em número suficiente", diz Emerick.
Ele diz que ouviu relatos de
gozações aos cotistas no trote e
de professores que perguntaram se alunos com dificuldades
tinham entrado por cotas.
A pró-reitora de graduação
da Uerj, Raquel Villardi, diz
que relatos de discriminação
como esse foram casos isolados: "Não houve nenhuma denúncia formal. Ouvimos muito
mais notícias positivas do que
negativas".
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