São Paulo, segunda-feira, 13 de dezembro de 2004

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Turma da Uerj abre conta para ajudar cotistas

DA SUCURSAL DO RIO

A entrada de universitários pelo sistema de cotas continua não sendo unânime na Uerj. Apesar disso, não houve denúncia formal de racismo e, em alguns casos, a iniciativa de ajudar os cotistas com mais dificuldade partiu dos alunos.
Foi o que aconteceu com a turma do primeiro ano de medicina, que abriu uma conta para ajudar os estudantes com dificuldade financeira. "A gente percebeu que alguns não tinham o material ou livro para acompanhar as aulas e pedimos contribuições para toda a turma", conta Juliana Lua, 19.
O estudante de letras Maximiano da Silva, 33, que entrou pela cota de negros e pardos, cobra mais apoio: "A gente foi cobaia de Deus. É preciso melhorar a qualidade do atendimento ao estudante. Não há um restaurante universitário".
Apesar das dificuldades, a pesquisadora Raquel Lenz Cesar, professora de direito da UniRio e uma das coordenadoras do Programa Políticas da Cor na Educação Brasileira da Uerj, afirma que os resultados até agora são positivos.
Ela fez uma dissertação de mestrado sobre o tema e teve acesso às notas do estudante que entrou com a nota mais baixa no vestibular de 2003. Esse aluno, cujo nome não foi divulgado, tirou nota 6,25 no vestibular, enquanto o estudante com menor nota a entrar fora das cotas teve nota 77,5. Seu desempenho, porém, não destoa do da turma: ele foi aprovado em todas as disciplinas.
Mas essa percepção do sucesso das cotas não é unânime. O vice-presidente do centro acadêmico dos alunos de engenharia, Rafael Emerick, diz que faltou estrutura da universidade. "Sou a favor das cotas, mas o que aconteceu na engenharia, que tem disciplinas muito puxadas no primeiro ano, foi que vários professores acabaram sendo deslocados dos últimos períodos para ajudar no reforço às turmas que estavam tendo dificuldade no início do curso. A reprovação aumentou muito e isso está criando uma bolha porque a universidade não tem professores em número suficiente", diz Emerick.
Ele diz que ouviu relatos de gozações aos cotistas no trote e de professores que perguntaram se alunos com dificuldades tinham entrado por cotas.
A pró-reitora de graduação da Uerj, Raquel Villardi, diz que relatos de discriminação como esse foram casos isolados: "Não houve nenhuma denúncia formal. Ouvimos muito mais notícias positivas do que negativas".


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