São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

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PF indiciou os pilotos com base em gravação de diálogo na cabine

Americanos só teriam percebido que o transponder estava desligado após o choque entre o Legacy e o Boeing da Gol

Conversas na cabine foram gravadas pela caixa-preta e permanecerão em sigilo; tripulantes do jatinho já voltaram para os EUA

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ (MT)

A Polícia Federal informará hoje à Justiça que os pilotos do Legacy foram indiciados com base nas transcrições dos diálogos na cabine do avião.
O relatório da PF deve apontar, devido à análise dos diálogos, que somente após a colisão com a aeronave da Gol -no maior acidente aéreo do Brasil, com 154 mortos- os pilotos perceberam que o transponder (equipamento que permite comunicação precisa com radares em terra) estava desligado.
O Legacy só ressurgiu nos radares após colidir com o Gol, indicando que o transponder possa ter sido ligado só após o acidente.
Jan Paul Paladino e Joe Lepore foram indiciados, segundo a PF, por expor aeronave a perigo de forma culposa -sem intenção de matar. Os dois voltaram aos Estados Unidos na semana passada.

Sigilo
A PF informou que os diálogos dos pilotos, gravados na caixa-preta do Legacy, serão mantidos em sigilo, assim como os dados técnicos registrados no equipamento.
Oficialmente a PF informa apenas que as conversas são suficientes para esclarecer "as circunstâncias do vôo do Legacy" e que os pilotos não quiseram responder às perguntas sobre os diálogos.
O delegado Ramon de Almeida vai pedir mais 30 dias de prazo à Justiça Federal de Sinop, em Mato Grosso, para concluir as investigações.
Não estão descartados novos indiciamentos, como o dos controladores de vôo.
O plano de vôo do Legacy previa que o avião voasse a 37 mil pés de São José dos Campos (SP) a Brasília, baixando a 36 mil pés, após passar pela capital federal, e subindo a 38 mil a partir de um ponto virtual chamado Teres. Ao manter os 37 mil pés, o jatinho ficou em rota de colisão com o Boeing.
Controladores de vôos dizem que, como o transponder não estava em operação, não foi possível verificar onde o avião estava.


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