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Presos 41 suspeitos de fornecer droga ao PCC
Segundo a PF, quadrilha trazia cocaína da Bolívia para fazendas em Mato Grosso e repassava para 5 núcleos de redistribuição
Operação foi realizada em sete Estados e no Distrito Federal; em 9 meses, grupo comercializou 15 toneladas de pasta de cocaína
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Uma operação feita pela Polícia Federal em sete Estados e
no Distrito Federal prendeu
ontem 41 pessoas suspeitas de
participar de um esquema de
tráfico internacional de drogas
que, segundo as investigações,
tinha como principal cliente a
facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Outras 11 pessoas estavam
foragidas até ontem à noite.
Cerca de 400 policiais cumpriram 73 mandados de busca e
apreensão determinados pela
Justiça Federal de Mato Grosso em 29 cidades (a maioria do
próprio Estado e de Goiás, São
Paulo, Maranhão, Minas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul
e Distrito Federal).
A PF batizou a operação de
Aracne, em alusão às teias de
contato armadas pela quadrilha. O esquema tinha dois cartéis bolivianos como fornecedores. A droga era trazida de
Santa Cruz de La Sierra para o
território brasileiro em aviões
bimotores e depositada em
quatro fazendas mantidas pela
quadrilha como entrepostos.
Os estrangeiros foram identificados, mas não foram o alvo das
prisões, segundo a PF.
Foram identificadas oito pistas de pouso clandestinas usadas pelo grupo na região, mas a
PF disse que o número deve ser
maior. "Às vezes, chegavam vários vôos por semana e eles
sempre alternavam os locais de
entrega", disse o delegado Éder
Rosa de Magalhães, que coordena as investigações.
Das fazendas, a droga seguia
em carretas e caminhões frigoríficos para cinco núcleos de
processamento e redistribuição. "Eram despachados 500
quilos, uma tonelada por caminhão. Usavam fundos falsos e,
para disfarçar, recorriam a cargas de produtos agrícolas, como
milho, carne e amendoim."
A droga era redistribuída para cinco núcleos encarregados
de processar a pasta-base de
cocaína e repassá-la a traficantes. Quatro dos núcleos ficam
em São Paulo -os dois principais (responsáveis pela compra
de até 70% do material) estão
na capital e, segundo a PF, têm
ligação direta com o PCC.
Somente nos últimos nove
meses, segundo a PF, os núcleos ligados ao grupo receberam cerca de 15 toneladas de
pasta-base de cocaína. "O PCC
era o cliente principal, e a quadrilha de Mato Grosso era provavelmente a fonte da maior
parte da cocaína que o grupo
comercializa em São Paulo."
Segundo o delegado, há líderes da facção entre os que tiveram a prisão preventiva decretada -a PF não divulgou o nome de nenhum dos suspeitos.
Em Mato Grosso, a quadrilha
era comandada por um fazendeiro de Campo Novo do Parecis (291 km de Cuiabá). Proprietário de máquinas agrícolas, tratores e caminhões, ele
empregava a estrutura para
abrir pistas de pouso e para fazer o transporte das cargas.
As investigações começaram
há um ano e três meses. Em
maio, a PF passou a interceptar
parte da carga -para não levantar suspeitas, os flagrantes
eram feitos sempre em locais
distantes dos entrepostos.
O trabalho resultou na
apreensão de três toneladas de
pasta-base (cerca de 20% de todas as apreensões da droga no
país em 2008). Além das prisões, a Justiça decretou a quebra dos sigilos bancário e fiscal
dos investigados, além do seqüestro e indisponibilidade dos
bens (imóveis urbanos e rurais,
empresas, aeronaves, automóveis, contas bancárias, dinheiro
e jóias, entre outros).
A maior parte desse patrimônio, diz a PF, foi adquirida pelo
grupo em nome de "laranjas",
como forma de "lavar" o dinheiro obtido no esquema.
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