São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 2008

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JOSÉ CARLOS CORAZZA GORDILHO (1968-2008)

A matemática e as garrafas com areia

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Zeca odiava matemática e, por extensão, odiou também o professor de matemática.
Inconformado com o desempenho na disciplina, José Carlos Gordilho fez um abaixo-assinado para expulsar do colégio o culpado por sua malsucedida relação com os números: o professor.
Mas, assim como nas notas, fracassou na tentativa: não expulsou ninguém, e o professor, pai de uma aluna, virou seu sogro e amigo.
Livre dos tropeços no colégio, formou-se em administração e continuou ajudando o pai na fábrica de embalagens de papelão da família.
A mulher virou farmacêutica. Ficaram juntos 18 anos; 12 deles, casados. No domingo, Zeca, aos 40, não resistiu a um infarto, em São Paulo.
Nadador, competia em provas de triátlon. À mulher cabia fotografá-lo em ação.
Quando foram a Cancún, no México, ela ficou tão encantada com a areia que decidiu trazer um pouco consigo, numa garrafa. "O que você vai fazer com isso?", perguntava. No aeroporto, ao não entender uma locução em espanhol, os amigos disseram a ele, de brincadeira, que a polícia o estava chamando para explicar as garrafas.
Quando estava se apresentando, revelaram a gozação -passou a maior vergonha.
Zeca visitava freqüentemente um orfanato na capital e ajudava crianças. Deixa dois filhos. A missa de sétimo dia será amanhã, às 18h, na igreja Nossa Senhora de Lurdes, na av. Pompéia, 2.221.

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