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JOSÉ CARLOS CORAZZA GORDILHO (1968-2008)
A matemática e as garrafas com areia
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Zeca odiava matemática e,
por extensão, odiou também
o professor de matemática.
Inconformado com o desempenho na disciplina, José Carlos Gordilho fez um
abaixo-assinado para expulsar do colégio o culpado por
sua malsucedida relação com
os números: o professor.
Mas, assim como nas notas, fracassou na tentativa:
não expulsou ninguém, e o
professor, pai de uma aluna,
virou seu sogro e amigo.
Livre dos tropeços no colégio, formou-se em administração e continuou ajudando
o pai na fábrica de embalagens de papelão da família.
A mulher virou farmacêutica. Ficaram juntos 18 anos;
12 deles, casados. No domingo, Zeca, aos 40, não resistiu
a um infarto, em São Paulo.
Nadador, competia em
provas de triátlon. À mulher
cabia fotografá-lo em ação.
Quando foram a Cancún,
no México, ela ficou tão encantada com a areia que decidiu trazer um pouco consigo,
numa garrafa. "O que você
vai fazer com isso?", perguntava. No aeroporto, ao não
entender uma locução em
espanhol, os amigos disseram a ele, de brincadeira, que
a polícia o estava chamando
para explicar as garrafas.
Quando estava se apresentando, revelaram a gozação
-passou a maior vergonha.
Zeca visitava freqüentemente um orfanato na capital e ajudava crianças. Deixa
dois filhos. A missa de sétimo
dia será amanhã, às 18h, na
igreja Nossa Senhora de Lurdes, na av. Pompéia, 2.221.
obituario@grupofolha.com.br
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