São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 2008

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Promotoria denuncia 13 acusados de aplicar o "golpe do remédio"

Entre os denunciados estão quatro funcionários do Estado e da prefeitura; investigação envolve 21 hospitais públicos

Segundo promotores, esquema desviou cerca de R$ 17 milhões só na cidade de São Paulo; fraudes começaram em 2004

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público ofereceu denúncia contra 13 pessoas, entre elas quatro funcionários públicos do Estado e da Prefeitura de São Paulo, acusadas de integrar um esquema de fraude na compra de medicamentos nos hospitais do Tatuapé (municipal), Pérola Byington e Ipiranga (estaduais).
A investigação, iniciada há um ano, envolve 21 hospitais públicos na cidade de São Paulo e 29 prefeituras do país.
O suposto esquema, desvendado pela Operação Parasitas, desviou cerca de R$ 17 milhões somente na cidade de São Paulo, segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Incluindo outros municípios paulistas e do país, o prejuízo é calculado em até R$ 100 milhões.
As fraudes, que duraram de 2004 até este ano, consistiam em direcionamento de licitações, superfaturamento de até 400%, entrega de material médico-hospitalar de qualidade inferior à efetivamente comprada e ainda fraudes nas notas fiscais -os hospitais pagavam mais produtos do que recebiam das fornecedoras.
Foram incluídas na denúncia Ziran Maria de Melo Moreira, do setor de compras do hospital Ipiranga, Márcia Meneghello, do setor de farmácia do Pérola Byington, que teria como comparsa João de Oliveira Filho, e Milva Lúcia de Melo Moreira, que até um mês atrás trabalhava no hospital do Tatuapé.
As compras envolviam empresas fornecedoras: Home Care Medical, Healthserv Serviços de Análises Clínicas, Velox Produtos de Saúde e Gestão Hospitalar, Biodinâmica Comercial e Vidas Med Representações Ltda. Além delas, estaria envolvida a Contábil Paioli, responsável por dar aparência legal às operações do grupo.
Ainda segundo a denúncia, em diversas ocasiões as empresas entregavam material (soro fisiológico, seringas descartáveis, sondas, bisturis e kits cirúrgicos) em quantidade menor do que a adquirida.
Os promotores descobriram que a quadrilha havia montado um esquema de lavagem de dinheiro que incluía a compra de carros de luxo, embarcações e um helicóptero, avaliados em cerca de R$ 7 milhões, e remessas para paraísos fiscais através do suposto doleiro José Eduardo de Oliveira Savoia.
Parte do dinheiro movimentado pelo grupo, segundo a denúncia, foi enviada a "offshores" abertas no Panamá.
São apontados pelo Ministério Público como chefes da quadrilha Renato Pereira Junior, Marcos Agostinho Paioli Cardoso e Dirceu Gonçalves Ferreira Júnior, presos preventivamente, enquadrados nos crimes de formação de quadrilha, peculato, fraude às licitações e lavagem de dinheiro, além de seus funcionários.
Os servidores públicos são acusados de formação de quadrilha, peculato, e fraude de licitações. Savoia e dois supostos comparsas podem responder por lavagem de dinheiro.
Por conta das investigações, o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, já havia afastado por 60 dias o diretor do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, Leopoldo Soares Piegas, depois que foram levantadas suspeitas de que o esquema possa ter operado no órgão.


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