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Promotoria denuncia 13 acusados de aplicar o "golpe do remédio"
Entre os denunciados estão quatro funcionários do Estado e da prefeitura; investigação envolve 21 hospitais públicos
Segundo promotores, esquema desviou cerca de R$ 17 milhões só na cidade de São Paulo; fraudes começaram em 2004
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público ofereceu denúncia contra 13 pessoas, entre elas quatro funcionários públicos do Estado e da
Prefeitura de São Paulo, acusadas de integrar um esquema de
fraude na compra de medicamentos nos hospitais do Tatuapé (municipal), Pérola Byington e Ipiranga (estaduais).
A investigação, iniciada há
um ano, envolve 21 hospitais
públicos na cidade de São Paulo
e 29 prefeituras do país.
O suposto esquema, desvendado pela Operação Parasitas,
desviou cerca de R$ 17 milhões
somente na cidade de São Paulo, segundo o Gaeco (Grupo de
Atuação Especial de Combate
ao Crime Organizado). Incluindo outros municípios paulistas
e do país, o prejuízo é calculado
em até R$ 100 milhões.
As fraudes, que duraram de
2004 até este ano, consistiam
em direcionamento de licitações, superfaturamento de até
400%, entrega de material médico-hospitalar de qualidade
inferior à efetivamente comprada e ainda fraudes nas notas
fiscais -os hospitais pagavam
mais produtos do que recebiam
das fornecedoras.
Foram incluídas na denúncia
Ziran Maria de Melo Moreira,
do setor de compras do hospital
Ipiranga, Márcia Meneghello,
do setor de farmácia do Pérola
Byington, que teria como comparsa João de Oliveira Filho, e
Milva Lúcia de Melo Moreira,
que até um mês atrás trabalhava no hospital do Tatuapé.
As compras envolviam empresas fornecedoras: Home Care Medical, Healthserv Serviços de Análises Clínicas, Velox
Produtos de Saúde e Gestão
Hospitalar, Biodinâmica Comercial e Vidas Med Representações Ltda. Além delas, estaria
envolvida a Contábil Paioli,
responsável por dar aparência
legal às operações do grupo.
Ainda segundo a denúncia,
em diversas ocasiões as empresas entregavam material (soro
fisiológico, seringas descartáveis, sondas, bisturis e kits cirúrgicos) em quantidade menor do que a adquirida.
Os promotores descobriram
que a quadrilha havia montado
um esquema de lavagem de dinheiro que incluía a compra de
carros de luxo, embarcações e
um helicóptero, avaliados em
cerca de R$ 7 milhões, e remessas para paraísos fiscais através
do suposto doleiro José Eduardo de Oliveira Savoia.
Parte do dinheiro movimentado pelo grupo, segundo a denúncia, foi enviada a "offshores" abertas no Panamá.
São apontados pelo Ministério Público como chefes da quadrilha Renato Pereira Junior,
Marcos Agostinho Paioli Cardoso e Dirceu Gonçalves Ferreira Júnior, presos preventivamente, enquadrados nos crimes de formação de quadrilha,
peculato, fraude às licitações e
lavagem de dinheiro, além de
seus funcionários.
Os servidores públicos são
acusados de formação de quadrilha, peculato, e fraude de licitações. Savoia e dois supostos
comparsas podem responder
por lavagem de dinheiro.
Por conta das investigações,
o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, já havia afastado por 60
dias o diretor do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia,
Leopoldo Soares Piegas, depois
que foram levantadas suspeitas
de que o esquema possa ter
operado no órgão.
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