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RIO GRANDE DO SUL
"Não pode ser negra", diz pedido de contratação de empregada
DRT investiga caso de racismo
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A coordenadoria do núcleo de
combate à discriminação da DRT
(Delegacia Regional do Trabalho)
do Rio Grande do Sul investiga
um caso no qual foi pedida a contratação de empregada doméstica
que não fosse negra.
O fato ocorreu em Gravataí (região metropolitana de Porto Alegre) nesta semana. A Agência Folha teve acesso ao pedido de contratação feito ao Sine (Serviço Nacional de Emprego). A empregadora, a empresária Maria Elita, fez
observações no anúncio.
"Não pode ser negra; preferência que more em Gravataí; fazer
todo o serviço; inclusive cozinhar;
tem quatro pessoas adultas; se
quiser, pode morar no emprego."
Com essa descrição, há dois outros itens: experiência de seis meses e "s/CTPS".
"Eu e meus filhos não somos racistas, até temos amigos negros.
Meu marido não queria uma negra, e eu fiz o anúncio em respeito
a isso. Na minha empresa, tivemos empregados negros. Hoje
não temos, mas porque reduzimos o quadro. É muito natural. E
quem não quer obesos?", disse
Maria Elita.
"Vamos encaminhar essa denúncia à fiscalização para que essa ação seja punida, após investigarmos as provas. Vamos fazer
toda a investigação e enviar para a
Procuradoria do Trabalho. Se
houver prova para isso, a pessoa
vai ser penalizada. A discriminação racial é crime. Mas o mais importante é esclarecer as pessoas. O
grave é que a pessoa não sabe que
está sendo racista", disse a coordenadora do núcleo, Márcia Suarez.
Notícia-crime
O advogado Antônio Carlos
Côrtes, representante de movimentos negros, adiantou para a
Agência Folha que entrará com
uma notícia-crime contra a empresária no Ministério Público de
Gravataí, paralelamente à atuação
da DRT. Quanto à inscrição ""s/
CTPS", o advogado acredita que a
tradução é a seguinte: sem a Carteira de Trabalho e Previdência
Social.
"Muitas vezes as pessoas racistas não se controlam mais e extravasam esse racismo. Ainda no último fim-de-semana, eu examinava os classificados e percebi a
sutileza das pessoas. Havia um
anúncio pedindo uma empregada doméstica e dando preferência
para o fato de ela falar alemão ou
dialeto. É óbvio que o afrodescendente dificilmente vai ser alemão."
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