São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 2001

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Partido aponta risco de prejuízos



DA FOLHA CAMPINAS

O presidente do PT em São Paulo, Paulo Frateschi, admite que "determinados gestos políticos dos prefeitos petistas" podem prejudicar o partido nas eleições presidenciais de 2002.
"Toda imagem na mídia tem consequência, positiva ou negativa. Esse é um risco que temos de correr." O PT pediu aos novos prefeitos que não substituam a política por marketing pessoal, segundo o presidente estadual. "Mas confiamos naqueles que são bons de mídia", disse.
"Se a ação de mídia enaltecer o projeto político do PT, ótimo, se não, o prejuízo vamos ver daqui a dois anos", afirmou Frateschi.
O presidente nacional do partido, José Dirceu, disse que não acha que os prefeitos petistas estejam agindo de forma populista. Segundo ele, a orientação aos prefeitos é de que a imprensa tenha sempre acesso às informações.
O presidente de honra do partido, Luís Inácio Lula da Silva, foi procurado pela Folha na última quarta-feira, mas disse que estava em férias e que só falaria sobre o assunto a partir de amanhã, quando volta ao trabalho.
O deputado estadual do PT Renato Simões disse que existem dois diferenciais: o modo petista de governar e o modo petista de fazer marketing.
"Nós aprendemos no governo a dar visibilidade a questões sociais e políticas que são relevantes para o partido, criando fatos capazes de sinalizar a nossa política."
"Não acho que isso é o factóide do César Maia (prefeito petebista do Rio de Janeiro). Não é o marketing do governante e sim o marketing de uma política municipal que, se você não utiliza, ela acaba ficando pouco transparente."
Ele disse concordar com Frateschi sobre o risco de criar factóides. "Não podemos deixar que essas ações descambem para a demagogia porque isso é típico dos partidos burgueses", disse.
Já o deputado federal Luciano Zica (PT) acredita que "criar fato é da natureza da ação política". Ele admite que também há risco. "Na política, tudo é arriscado."
O prefeito de Campinas, Antonio da Costa Santos (PT), nega ter conhecimento da "cartilha" e afirma que não mudou seu comportamento depois de eleito.
"Todas as minhas atitudes não são propositais, eu já as tomava antes. Só que agora a mídia dá destaque porque sou prefeito."
Toninho, que afirma ser um político não-profissional, nega ainda que tenha recebido qualquer orientação do partido sobre a forma de agir. "Sou completamente contra o uso de factóides."
O prefeito Marco Aurélio de Souza, de Jacareí, também nega que suas ações indiquem uma postura populista. "Faço o que todo prefeito comprometido com a população faria", afirma o petista.
Antônio Palocci Filho é outro que descarta os factóides. "Seria se eu tivesse ido aos lugares e anunciado coisas. Estou visitando com uma pessoa da Secretaria de Infra-Estrutura que anota tudo o que precisa ser feito."
Para ele, é muito melhor ir ao local e conhecer a realidade de perto do que ficar sabendo apenas por meio de assessores. "Ver os problemas diretamente é essencial."
O prefeito de São Carlos, Newton Lima, afirma que a população já percebeu que suas atitudes estão longe do populismo. "Vamos estabelecer canais de comunicação", anuncia.
Edinho Silva, de Araraquara, diz que os prefeitos petistas, tradicionalmente, facilitam o acesso do contribuinte ao governo.
"A população precisa saber o que é seu direito e onde tem de procurá-lo. A solução dos problemas tem de ser institucionalizada", afirma Edinho.


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