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HABITAÇÃO
Cerca de 30 pessoas moram sob a futura plataforma do antigo Fura-Fila, onde não é possível sequer ficar em pé
Obra do Paulistão vira casa para sem-teto
DO REPÓRTER FOTOGRÁFICO E
DA REPORTAGEM LOCAL
Um trecho da obra do Paulistão
em que não são feitos serviços
desde a gestão Celso Pitta (97-00)
virou abrigo para um grupo de
cerca de 30 moradores que dormem sob o que será uma plataforma para embarque e desembarque de passageiros no Parque D.
Pedro 2º (centro de SP).
No lugar, em que nem sequer é
possível ficar em pé, eles dormem
no chão, dividindo espaço com lixo, cães e mato. É o caso do eletricista desempregado Cícero Roberto Ferreira da Silva, 42, que
afirma morar na obra do antigo
Fura-Fila há cerca de seis meses.
Nesse período, ele diz ter sido
informado apenas uma vez, há 15
dias, de que ele e outros moradores teriam que deixar o lugar.
"Mas, como o funcionário nunca
mais voltou, continuo aqui."
Silva dorme em uma parte da
plataforma que tem cerca de um
metro de altura e diz preferir o lugar a viver na rua ou em albergues. "Na rua, você toma chuva.
No albergue, o ronco das pessoas
me incomoda. Aqui, mesmo que
esteja frio, é quentinho."
Segundo a SPTrans (São Paulo
Transporte), um grupo de moradores já foi retirado do mesmo
trecho em outubro de 2002, quatro meses após a obra ter sido retomada. Segundo o órgão, a prefeitura não tinha sido informada
até ontem sobre a nova ocupação.
A fiscalização, diz a prefeitura, é
de responsabilidade da empreiteira que toca a obra, que, no trecho
em que há moradores, não é cercada por muros ou tapumes.
No total, há em São Paulo 8.700
moradores de rua, segundo um
levantamento feito em 2000. Nos
cerca de 60 albergues e abrigos da
prefeitura, há vagas para 7.500
moradores passarem a noite.
(JUCA VARELLA E JOÃO CARLOS SILVA)
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