São Paulo, terça-feira, 14 de janeiro de 2003

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HABITAÇÃO

Cerca de 30 pessoas moram sob a futura plataforma do antigo Fura-Fila, onde não é possível sequer ficar em pé

Obra do Paulistão vira casa para sem-teto

DO REPÓRTER FOTOGRÁFICO E
DA REPORTAGEM LOCAL

Um trecho da obra do Paulistão em que não são feitos serviços desde a gestão Celso Pitta (97-00) virou abrigo para um grupo de cerca de 30 moradores que dormem sob o que será uma plataforma para embarque e desembarque de passageiros no Parque D. Pedro 2º (centro de SP).
No lugar, em que nem sequer é possível ficar em pé, eles dormem no chão, dividindo espaço com lixo, cães e mato. É o caso do eletricista desempregado Cícero Roberto Ferreira da Silva, 42, que afirma morar na obra do antigo Fura-Fila há cerca de seis meses.
Nesse período, ele diz ter sido informado apenas uma vez, há 15 dias, de que ele e outros moradores teriam que deixar o lugar. "Mas, como o funcionário nunca mais voltou, continuo aqui."
Silva dorme em uma parte da plataforma que tem cerca de um metro de altura e diz preferir o lugar a viver na rua ou em albergues. "Na rua, você toma chuva. No albergue, o ronco das pessoas me incomoda. Aqui, mesmo que esteja frio, é quentinho."
Segundo a SPTrans (São Paulo Transporte), um grupo de moradores já foi retirado do mesmo trecho em outubro de 2002, quatro meses após a obra ter sido retomada. Segundo o órgão, a prefeitura não tinha sido informada até ontem sobre a nova ocupação.
A fiscalização, diz a prefeitura, é de responsabilidade da empreiteira que toca a obra, que, no trecho em que há moradores, não é cercada por muros ou tapumes.
No total, há em São Paulo 8.700 moradores de rua, segundo um levantamento feito em 2000. Nos cerca de 60 albergues e abrigos da prefeitura, há vagas para 7.500 moradores passarem a noite.

(JUCA VARELLA E JOÃO CARLOS SILVA)


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