MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

O portador de deficiência física Claudomiro da Silva Mendes, 33, foi morto anteontem à noite em Belém (PA) depois de ser empurrado para fora de um ônibus pelo motorista, que em seguida o atropelou. Uma das mãos dele ficou presa na porta e o corpo foi arrastado por cerca de cinco metros.
O motorista José Mateus Freitas Gomes foi preso em flagrante e responderá por homicídio doloso qualificado. A pena prevista vai de 12 a 30 anos de prisão.
Em depoimento à polícia, o motorista admitiu ter agido com violência, mas declarou que não teve a intenção de atropelar Mendes, que morreu na hora. Até o final da tarde, Gomes continuava detido e não havia constituído advogado, segundo a polícia.
Mendes era faxineiro e tinha atrofia de nascença na perna esquerda. Ele era casado e deixou duas filhas crianças, além da mulher grávida de dois meses.
Segundo o relato de testemunhas à Polícia Civil, Mendes subiu pela porta da frente sem apresentar a carteira que dá acesso gratuito aos deficientes físicos, como prevê a legislação brasileira. "Mas sua deficiência era claramente visível", disse a testemunha Lurdelina Oliveira. Em seguida, o motorista parou o ônibus e empurrou o deficiente para fora do veículo. "Uma das mãos dele [Mendes" ficou presa na porta do ônibus e seu corpo foi arrastado. O motorista deu marcha a ré e arrancou novamente", disse Oliveira.
O crime ocorreu por volta das 21h na avenida Senador Lemos, no bairro do Telégrafo, periferia de Belém. O ônibus pertence a Viação Icoaraciense e fazia a linha Icoaraci-Ver-o-Peso.
Um dos diretores da empresa, Antônio Costa, disse ontem que vai aguardar a conclusão do inquérito policial antes de tomar alguma medida contra o motorista.
Mendes foi enterrado na manhã de ontem sob um clima de revolta de familiares, amigos e entidades de defesa dos direitos humanos.


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