São Paulo, terça-feira, 14 de janeiro de 2003

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FEBEM

Rebelião em Franco da Rocha (Grande SP) começou na tarde de domingo e só foi controlada na madrugada de ontem

Motim só termina após 2 invasões da PM

Gilberto Marques/Folha Imagem
Armas fabricadas pelos internos que foram apreendidas após o fim da rebelião iniciada no domingo


DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"

A rebelião dos 280 internos da unidade 31 da Febem de Franco da Rocha (Grande São Paulo), iniciada na tarde de domingo, só terminou na madrugada de ontem após os 80 homens da Tropa de Choque invadirem o prédio por duas vezes. Segundo a PM, nenhum interno ficou ferido.
O monitor Wellington Eduardo Leite, 26, foi feito refém por alguns minutos e levou dez pontos. Segundo a Febem, três das cinco alas da unidade foram destruídas. Cerca de cem internos seriam transferidos entre ontem e hoje; 34 iriam para o interior. A Febem afirmou que não divulgaria os destinos por segurança.
Na semana passada, quando internos da unidade 30 fizeram dois monitores reféns, o sindicato dos funcionários disse que havia facções do PCC em Franco da Rocha.
O interno F.P., 18, conhecido como Batoré, da unidade 30, é apontado por monitores como líder do chamado "PCC Mirim" e teria liderado a rebelião de sexta. A Febem não afasta a hipótese, mas disse acreditar que a rotatividade de internos impede a formação de organizações.
Segundo o órgão, os últimos protestos ocorridos não têm relação com as propostas de transparência e diálogo defendidas pelo novo presidente da Febem e refletem uma insatisfação geral de funcionários e internos.
Os jovens, que, segundo denúncias, são alvo de tortura e maus-tratos, protestam contra o atraso no julgamento de 920 processos de internos. Segundo o órgão, a lentidão foi causada pela mudança das decisões para São Paulo.
A rebelião começou por volta das 17h do domingo na ala A da unidade 31 e se estendeu pelas outras quatro. Na troca de turno, os internos dominaram três funcionários, incluindo Leite, que sofreram apenas ferimentos leves.
Móveis, eletrodomésticos e computadores foram destruídos e colchões foram queimados pelos internos, que, segundo a PM, utilizaram cerca de 300 armas brancas, principalmente estiletes.
A Tropa de Choque da PM entrou no local por volta da 0h30, e a rebelião foi controlada. Após a saída da polícia, a ala F voltou a se rebelar. O protesto só acabou às 3h30. Às 20h de ontem, a PM permanecia no local. A recuperação de duas das alas começou ontem.
O sindicato dos funcionários nega a influência de funcionários nas agitações. O sindicato fez um acordo com a Febem para o pagamento da média salarial e suspendeu por 15 dias o estado de greve.
Ontem, na Febem da Vila Maria (zona norte), um interno foi agredido por 16 colegas. Segundo a Febem, não houve motim.


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