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ADMINISTRAÇÃO
Orçamento municipal não prevê verba para pagamento de juros, correção monetária e novos empréstimos
SP deve acabar o ano com dívida de R$ 30 bi
DA REPORTAGEM LOCAL
O Orçamento da Prefeitura de
São Paulo não prevê verbas suficientes para o pagamento de todas as despesas com a dívida municipal, o que irá elevá-la para
quase R$ 30 bilhões até o final
deste ano.
O acordo firmado entre a União
e a prefeitura prevê o comprometimento de 13% das receitas com a
dívida -o que equivale a mais de
R$ 100 milhões por mês. Mas o
valor não é suficiente para impedir o aumento contínuo do rombo nas contas municipais.
O Quadro de Distribuição de
Cotas Orçamentárias, publicado
no "Diário Oficial" do município
de sábado passado, destina R$
1,534 bilhão para os encargos da
dívida pública ao longo de 2004.
A dívida fechou o ano passado
no valor de R$ 26,3 bilhões. Só a
correção, que é feita pelo IGP-DI,
deve elevar a dívida em R$ 1,578
bilhão, já que a previsão é que o
índice fique em 6% neste ano. Em
2003, a variação foi de 7,67%.
Assim, se a previsão for confirmada, o dinheiro previsto no Orçamento para pagamento de dívida não será suficiente nem para
cobrir o valor de sua correção.
Os juros, porém, farão a dívida
crescer em mais R$ 2,367 bilhões,
já que a taxa é de 9% ao ano. Não
há previsão orçamentária para o
pagamento desse valor, que deverá ser incorporado ao principal.
A prefeitura ainda tem a possibilidade de sacar neste ano dois
empréstimos, concedidos pelo
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), respectivamente para construção de
corredores de ônibus e para a revitalização do centro. A prefeitura
já informou que irá utilizar os empréstimos, que elevarão a dívida
em mais cerca de R$ 1 bilhão.
Ainda que o dinheiro previsto
no Orçamento seja suficiente para
pagar o valor da correção monetária da dívida, ela aumentará pelo menos R$ 3,4 bilhões, por causa
dos juros e dos novos empréstimos que serão sacados.
Com esse cenário, a dívida terminará o ano em quase R$ 30 bilhões. Ainda há a possibilidade de
a prefeitura desistir dos novos
empréstimos ou de aumentar os
recursos para o pagamento da dívida ao longo do ano. Também
existe a possibilidade de as taxas
de juros caírem mais e o IGP-DI
ficar abaixo de 6%. Ainda assim, a
dívida aumentaria.
Próxima gestão
Com a dívida em R$ 30 bilhões,
só os juros e a correção custarão
R$ 4,5 bilhões (15%) em 2005,
quando voltam a valer os limites
de endividamento impostos aos
municípios pelo Senado, que foram suspensos neste ano até abril
de 2005.
O custo da dívida em 2005, seria, então, mais de 40% de todas
as receitas que o município obteve no ano passado e cerca de um
terço do Orçamento deste ano.
No final de 2002, a prefeitura
deixou de pagar uma amortização
de R$ 3 bilhões da dívida, opção
que estava prevista em contrato.
Essa atitude, porém, teve como
contrapartida o aumento da taxa
de juros, de 6% para 9% ao ano.
Caso o pagamento tivesse sido
feito, apenas a próxima gestão da
prefeitura economizaria R$ 3,6 bilhões, considerando-se o valor de
R$ 30 bilhões como a média da dívida nos quatro próximos anos.
Ano passado
No ano passado, a dívida cresceu 17,38% -R$ 22,4 bilhões para R$ 26,3 bilhões. Enquanto isso,
a receita corrente líquida, da qual
são descontados os 13% para pagamento da dívida, variou 12,26%
-de R$ 9,4 bilhões para R$ 10,6
bilhões. No ano, a inflação medida pelo IPCA foi de 9,3%.
O aumento da dívida, noticiado
nesta semana pela Folha, fez com
que o vereador Gilberto Natalini
(PSDB) apresentasse uma representação ao procurador-geral de
Justiça do Estado de São Paulo,
Luiz Antonio Guimarães Marrey,
para que ele investigue eventuais
irregularidades na gestão de verbas públicas. A Promotoria de
Justiça da Cidadania também iniciou uma investigação.
(ROBERTO COSSO)
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