São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2004

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Senado prorroga até ano que vem ajuste de débito

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma resolução aprovada pelo Senado Federal em novembro do ano passado prorrogou até 30 de abril de 2005 o prazo para que os Estados, o Distrito Federal e os municípios que estão acima dos limites de endividamento, estabelecidos pelo próprio Senado em 2001, iniciem os ajustes de suas contas, em cumprimento à Lei de Responsabilidade Fiscal.
Aprovada por unanimidade, a resolução nš 20, de 2003, permite que, na prática, Estados e municípios não tenham limite de endividamento durante o período eleitoral deste ano.
Os limites são estabelecidos por outra resolução do Senado, editada em 2001, e obrigam Estados e municípios a reduzirem gradativamente suas dívidas.
A justificativa para o adiamento do prazo é o fato de que o aumento da inflação provocado pela disparada do dólar em 2002 levou a um crescimento inesperado das dívidas -cujo valor é corrigido pelo IGP-DI, um índice muito afetado pelo câmbio.
Em 2002, o IGP-DI subiu 26,4% contra, por exemplo, 12,5% do IPCA, índice que serve de base para as metas de inflação seguidas pelo Banco Central.
A Lei de Responsabilidade Fiscal autoriza o Senado a conceder mais tempo para o cumprimento das metas quando ocorrem fatos inesperados na economia. Antes da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o dólar chegou a ser negociado a quase R$ 4,00.

Repercussão
Amir Khair, ex-secretário de Finanças do município de São Paulo, disse estranhar o fato de a prorrogação não ter sido feita no início de 2003.
"No final de 2003, já estava claro que o IGP-DI iria ficar bem abaixo do IPCA", disse o economista.
A variação do IGP-DI no ano passado foi de apenas 7,67% -ficou abaixo do IPCA. A expectativa é que o índice seja de 6% neste ano.
Khair lamentou o "relaxamento" no controle da responsabilidade fiscal provocado pela resolução nš 20, de 2003, do Senado.
Marcos Nóbrega, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco e especialista em responsabilidade fiscal, disse que a suspensão do prazo é resultado do lobby dos grandes Estados, que são os que têm maiores dificuldades para se adequar à Lei de Responsabilidade Fiscal.
"Temos que levar a responsabilidade fiscal a sério; essas coisas são péssimas para o ambiente interno e para a imagem do Brasil no exterior", disse Nóbrega.


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