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Acordo definirá destino de bares da Vila Madalena
DA REPORTAGEM LOCAL
Para a Vila Madalena (zona oeste), uma das áreas de exceção sobre as quais trabalha a equipe da
prefeitura, discute-se tanto a liberação dos bares (pedida pelos donos dos estabelecimentos) como
o fechamento obrigatório às 22h
(reivindicação dos moradores).
Segundo Ivan Maglio, coordenador da equipe que elabora a minuta da nova lei de zoneamento,
as partes incomodadas -proprietários de bares e moradores- deverão entrar em consenso no debate dos planos diretores
regionais, atualmente em curso.
Caso isso não seja possível, será
usado um instrumento previsto
no Plano Diretor, o Acordo de
Convivência, no qual as partes firmam, com mediação do Executivo, um documento com as normas específicas para o local.
O que impede a aplicação simples da nova lei na Vila Madalena
é o fato de o quadrilátero repleto
de barzinhos e boates ter a maioria de suas ruas classificadas como locais e só seis vias estruturais.
Nessas ruas, os estabelecimentos barulhentos poderiam ficar no
futuro. Porém, hoje, eles estão em
vias locais, muitas com pouco
mais de sete metros de largura.
A aprovação da nova lei criaria
um impasse: ou os barzinhos deixariam vias como a Purpurina e a
Girassol -classificadas como locais pelo Plano Diretor- e arrumariam um novo endereço numa
estrutural como a Cardeal Arcoverde ou teriam de se descaracterizar, tirando mesas da calçada e
cortando o som, por exemplo.
Na discussão do plano regional
da Subprefeitura de Pinheiros,
um grupo de moradores apresentou a seguinte proposta: os bares
poderiam ficar se fechassem às
22h. Hoje, varam a madrugada.
Os comerciantes preferem ver a
Vila Madalena se transformar em
um distrito diferente dos demais,
onde eles seriam permitidos. "Situações como essa são a nossa dificuldade", diz Ivan Maglio.
Barulho e ameaça
As propostas e as denúncias dos
moradores podem ser conferidas
no site www.vilamadalenasolidaria.hpg.com.br. Poucos, hoje,
aceitam aparecer. Eles se dizem
ameaçados pelos donos de bares.
O engenheiro Marcos, 50, é um
exemplo. O sobrado onde mora
desde 1976 faz divisa, de um lado,
com um bar especializado em roda de samba, e, de outro, com um
restaurante. "Não me considero
um chato que reclama de bêbado.
Minha vida se desestruturou depois disso", afirma o engenheiro.
O grupo do qual Marcos faz parte fez um levantamento sobre o
bairro, no ano passado. Eles listaram 150 bares, 9.000 domicílios e
25 mil moradores. Descobriram
que a maioria dos estabelecimentos é irregular e se instalou na década de 90. "Eles querem passar a
idéia de que são antigos", diz.
Vizinha de uma choperia e de
um restaurante, a psicóloga Monika Vonkoss, 56, entrou com representação no Ministério Público, "apavorada" com a construção de mais um estabelecimento
na rua Delfina, onde mora.
"É um conjunto de incômodos,
som, carros, manobristas. Às vezes, você acorda de madrugada se
perguntando: "De onde vem esse
batuque?" Fora isso, é duro morar
em um bairro que vira estacionamento depois das 18h", diz.
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