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BARBARA GANCIA
São Paulo tem o dever de ficar com Beira-Mar
Esse negócio de governar
usando como base os resultados das pesquisas de opinião é
uma das grandes armadilhas das
democracias onde a reeleição faz
parte do jogo. Governar implica
em tomar decisões impopulares
uma atrás da outra e justificar
ações de governo alegando respeito à vontade popular, na maioria
das vezes, não passa de oportunismo eleitoreiro.
Não, caro leitor. Se você chegou
até aqui pensando que estamos
falando sobre a guerra no Iraque,
enganou-se -embora o argumento sobre decisões baseadas
em pesquisas de opinião também
sirva de luva para o ataque contra Saddam Hussein.
A nossa conversa de hoje versa
sobre a pesquisa de opinião que o
Planalto extra-oficialmente diz
que o governador Alckmin encomendou, para saber se o paulista
concorda ou não com a permanência de Fernandinho Beira-Mar em São Paulo.
Geraldo Alckmin nega que tenha mandado fazer a pesquisa,
mas, segundo línguas soltas no
Planalto, o tal estudo que não
existe mostraria que 97% da população do Estado não quer que o
traficante continue aqui.
Alô, governador Alckmin! Gostaria que o senhor soubesse que
esta humilde datilógrafa que vos
fala faz parte dos 3% que não se
incomodam com a presença do
criminoso entre nós. Muito ao
contrário. Faço absoluta questão,
caro governador, de que Fernandinho Beira-Mar continue bem
trancadinho no Centro de Readaptação (faz-me rir!) Penitenciária de Presidente Bernardes.
Muito me admira o governador
ser contrário à permanência de
Beira-Mar em São Paulo. Ué? Geraldo Alckmin não é sempre o primeiro a falar grosso contra o crime quando está na frente das câmeras? Pois está na hora de São
Paulo tomar uma atitude corajosa de verdade.
Entregar Beira-Mar aos americanos está fora de questão. Matá-lo sem querer querendo, como diria o Chaves, só iria nos colocar
em pé de igualdade com a bandidagem. De que outras opções dispomos? Parece lógico instaurar
um sistema de rodízio e ficar
mandando o infeliz de lá para cá?
O crime organizado é um inimigo comum do país. Só um sistema
integrado, que funcione na base da
parceria, será capaz de intimidar
essa gente. Temos de trabalhar juntos, de montar um sistema de informação em rede que cubra todos
os Estados. E temos de poder contar com a opção de enviar o criminoso de um Estado para outro, a
fim de desmembrar a organização
y ou a facção x. É o mínimo que se
pode esperar. E é só o começo.
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