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Reconstituição da morte de bebê quase acaba em suicídio
Agente de trânsito tentou se matar enquanto fazia o cordão de isolamento na ação
Pedreiro, segundo a polícia, diz que encontrou a menina sozinha no pátio da igreja e a levou para uma escada, onde a estuprou e a matou
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JOINVILLE
Um tiro provocou a correria
dos policiais no trecho interditado da rua Guaratinguetá, periferia de Joinville (SC), onde o
pedreiro Oscar Gonçalves Rosário, 22, que confessou, segundo a polícia, ter estuprado e estrangulado até matar o bebê
Gabrielli Cristina Eichholz, de
um ano e seis meses, reconstituía como foi o crime.
A agente de trânsito municipal Evelize Holz Colin da Silva,
37, tirou a arma da cinta do policial civil mais próximo e disparou contra o peito, tentando
se matar. Ao cair, começou a
sangrar no peito e pela boca.
O torneiro mecânico Nilson
Padilha, uma das testemunhas
da cena, disse que Evelize ""chorava desesperada" durante a
reconstituição do crime, ocorrido no último dia 3, nas dependências de uma das duas igrejas
Adventista do Sétimo Dia do
bairro Iririú.
A agente não corre risco de
morte. A bala raspou o pulmão,
mas o ferimento não comprometeu nenhum órgão vital.
Agente há três anos, concursada, mãe de três filhos -o
mais velho de 14 e o mais novo
de 11 anos-, Evelize foi destacada para garantir o cordão de
isolamento da reconstituição.
""Ela tem lá suas depressões de
vez em quando, mas é uma pessoa normal, bem de vida", definiu um colega aos policiais.
O marido, Silvio Silva, disse
não saber o motivo do disparo.
""Provavelmente, o que a induziu foi a história dessa criança,
mas vou esperar para que ela
mesma diga."
A reconstituição do crime
nas dependências do templo
adventista foi marcada por protestos de vizinhos e populares.
O bebê foi representado por um
boneco de pano de cor amarela.
De um dos dois cordões de
isolamento, partiam gritos de
""justiça". Os mais exaltados
gritavam para Rosário que ele
iria ""morrer estuprado [sic] na
prisão". ""Espera para ver."
Os pais de Gabrielli, Andréia
e Juliarde Eichholz, que moram a cem metros da igreja,
acompanharam a movimentação à distância. ""Quero que ele
fique preso todos os anos que
for condenado", disse a mãe.
Último suspeito
Rosário era o último dos investigados suspeitos do crime.
Antes dele, a polícia apontou
um jovem de 17 anos, namorado da prima de Andréia, como o
suposto assassino.
A polícia diz estar certa de
que agora chegou ao autor e
que mandará o inquérito à Justiça nos próximos dias. ""Ele
confessou mais de uma vez e
hoje [ontem] confirmou o crime com riqueza de detalhes",
disse o delegado Rodrigo Gusso. Rosário não tem advogado.
Rosário foi preso anteontem
em Canoinhas -distante 225
km de Joinville-, na casa dos
pais. O que levantou suspeitas
sobre ele, diz a polícia, foi o fato
de ter ido embora às pressas do
bairro na noite do crime.
Rosário contou, segundo a
polícia, que viu a menina sozinha no pátio da igreja ainda em
construção e a levou para uma
escada, onde a estuprou. Pela
primeira versão das auxiliares
da igreja, o assassino teria fingido ser o pai para tirá-la de uma
sala onde ficam as crianças.
Depois tentou matá-la por
estrangulamento, e a jogou numa pia batismal atrás do altar,
separado por uma parede. Disse que entrou fácil pelo portão e
que tinha bebido cachaça.
Na hora, cerca de 200 pessoas acompanhavam o culto.
Um grupo de 20 crianças fazia
recreação na sala ao lado. Levada por uma prima para a igreja,
Gabrielli escapou para o pátio e
dali foi levada para morte.
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