São Paulo, quarta-feira, 14 de março de 2007

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Reconstituição da morte de bebê quase acaba em suicídio

Agente de trânsito tentou se matar enquanto fazia o cordão de isolamento na ação

Pedreiro, segundo a polícia, diz que encontrou a menina sozinha no pátio da igreja e a levou para uma escada, onde a estuprou e a matou

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JOINVILLE

Um tiro provocou a correria dos policiais no trecho interditado da rua Guaratinguetá, periferia de Joinville (SC), onde o pedreiro Oscar Gonçalves Rosário, 22, que confessou, segundo a polícia, ter estuprado e estrangulado até matar o bebê Gabrielli Cristina Eichholz, de um ano e seis meses, reconstituía como foi o crime.
A agente de trânsito municipal Evelize Holz Colin da Silva, 37, tirou a arma da cinta do policial civil mais próximo e disparou contra o peito, tentando se matar. Ao cair, começou a sangrar no peito e pela boca.
O torneiro mecânico Nilson Padilha, uma das testemunhas da cena, disse que Evelize ""chorava desesperada" durante a reconstituição do crime, ocorrido no último dia 3, nas dependências de uma das duas igrejas Adventista do Sétimo Dia do bairro Iririú.
A agente não corre risco de morte. A bala raspou o pulmão, mas o ferimento não comprometeu nenhum órgão vital.
Agente há três anos, concursada, mãe de três filhos -o mais velho de 14 e o mais novo de 11 anos-, Evelize foi destacada para garantir o cordão de isolamento da reconstituição. ""Ela tem lá suas depressões de vez em quando, mas é uma pessoa normal, bem de vida", definiu um colega aos policiais.
O marido, Silvio Silva, disse não saber o motivo do disparo. ""Provavelmente, o que a induziu foi a história dessa criança, mas vou esperar para que ela mesma diga."
A reconstituição do crime nas dependências do templo adventista foi marcada por protestos de vizinhos e populares. O bebê foi representado por um boneco de pano de cor amarela.
De um dos dois cordões de isolamento, partiam gritos de ""justiça". Os mais exaltados gritavam para Rosário que ele iria ""morrer estuprado [sic] na prisão". ""Espera para ver."
Os pais de Gabrielli, Andréia e Juliarde Eichholz, que moram a cem metros da igreja, acompanharam a movimentação à distância. ""Quero que ele fique preso todos os anos que for condenado", disse a mãe.

Último suspeito
Rosário era o último dos investigados suspeitos do crime. Antes dele, a polícia apontou um jovem de 17 anos, namorado da prima de Andréia, como o suposto assassino.
A polícia diz estar certa de que agora chegou ao autor e que mandará o inquérito à Justiça nos próximos dias. ""Ele confessou mais de uma vez e hoje [ontem] confirmou o crime com riqueza de detalhes", disse o delegado Rodrigo Gusso. Rosário não tem advogado.
Rosário foi preso anteontem em Canoinhas -distante 225 km de Joinville-, na casa dos pais. O que levantou suspeitas sobre ele, diz a polícia, foi o fato de ter ido embora às pressas do bairro na noite do crime.
Rosário contou, segundo a polícia, que viu a menina sozinha no pátio da igreja ainda em construção e a levou para uma escada, onde a estuprou. Pela primeira versão das auxiliares da igreja, o assassino teria fingido ser o pai para tirá-la de uma sala onde ficam as crianças.
Depois tentou matá-la por estrangulamento, e a jogou numa pia batismal atrás do altar, separado por uma parede. Disse que entrou fácil pelo portão e que tinha bebido cachaça.
Na hora, cerca de 200 pessoas acompanhavam o culto. Um grupo de 20 crianças fazia recreação na sala ao lado. Levada por uma prima para a igreja, Gabrielli escapou para o pátio e dali foi levada para morte.


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