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DESABAMENTO
Fita mostra documento com fax do gabinete, o que prova que deputado estaria no exercício de mandato
Vídeo com Naya contradiz sua defesa
DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília
A fita original da reunião do deputado Sérgio Naya (sem partido-MG) com vereadores de Três
Pontas (MG), em outubro de 97,
contradiz a principal tese de sua
defesa no processo de cassação
aberto pela mesa da Câmara.
Em um trecho da fita, Naya entrega um documento aos vereadores com o número do fax do seu
gabinete na Câmara. No documento, o deputado se compromete a fazer emendas ao Orçamento
da União de 1998 para obras no
município no valor de até R$ 100
mil. Na fita, um dos vereadores lê
o documento de Naya e o número
do fax -061-318-2435.
Para tentar fugir do processo de
cassação, a defesa de Naya argumentou que a reunião com os vereadores da Câmara Municipal de
Três Pontas foi informal e que o
deputado não estaria no exercício
do mandato. Na fita, Naya oferece
cheques para a compra de tijolos e
para a construção de uma cozinha
comunitária.
A revelação do trecho da fita
com os telefones oficiais da Câmara pode desmontar a defesa do deputado. "Isso é muito interessante", comentou o relator do processo, Marconi Perillo (PSDB-GO).
O deputado encaminhou ontem
cópia da íntegra da fita ao Instituto
de Criminalística da Polícia Federal para análise. Os peritos vão verificar se as declarações são mesmo de Naya.
Ontem, o deputado, por meio de
seu advogado, Daniel Azevedo,
pediu o adiamento de seu depoimento por um dia na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
O depoimento de Naya já foi
adiado para o dia 18, depois que o
parlamentar não compareceu na
quinta-feira passada, dia marcado
pela comissão. Naya apresentou
um atestado médico.
"Ainda vou estudar a questão,
mas não vejo motivo para acolher
o pedido de adiamento do depoimento do deputado para quinta-feira", afirmou Perillo.
O advogado protocolou ontem
na CCJ, etapa preliminar do processo, o rol de nove testemunhas
para serem ouvidas pela comissão.
Na lista estão ex-prefeitos de Leopoldina, de Três Pontas e de Itanhandu, municípios mineiros onde o deputado tem base eleitoral.
O deputado pede também para
ouvir o vereador Vítor Barbara e a
costureira Ângela Aparecida Pereira Oliveira, de Três Pontas.
O relator afirmou que vai decidir
se ouvirá as nove testemunhas ou
se vai restringir a cinco depoimentos, como havia decidido.
O pedido de cassação do deputado foi feito com base nas declarações do parlamentar durante reunião com vereadores de Três Pontas, gravadas por um cinegrafista
amador. Na fita, Naya afirma que
falsificou assinatura de um governador de Minas Gerais, entre outras irregularidades.
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