São Paulo, sábado, 14 de março de 1998

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DESABAMENTO
Fita mostra documento com fax do gabinete, o que prova que deputado estaria no exercício de mandato
Vídeo com Naya contradiz sua defesa

DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília

A fita original da reunião do deputado Sérgio Naya (sem partido-MG) com vereadores de Três Pontas (MG), em outubro de 97, contradiz a principal tese de sua defesa no processo de cassação aberto pela mesa da Câmara.
Em um trecho da fita, Naya entrega um documento aos vereadores com o número do fax do seu gabinete na Câmara. No documento, o deputado se compromete a fazer emendas ao Orçamento da União de 1998 para obras no município no valor de até R$ 100 mil. Na fita, um dos vereadores lê o documento de Naya e o número do fax -061-318-2435.
Para tentar fugir do processo de cassação, a defesa de Naya argumentou que a reunião com os vereadores da Câmara Municipal de Três Pontas foi informal e que o deputado não estaria no exercício do mandato. Na fita, Naya oferece cheques para a compra de tijolos e para a construção de uma cozinha comunitária.
A revelação do trecho da fita com os telefones oficiais da Câmara pode desmontar a defesa do deputado. "Isso é muito interessante", comentou o relator do processo, Marconi Perillo (PSDB-GO).
O deputado encaminhou ontem cópia da íntegra da fita ao Instituto de Criminalística da Polícia Federal para análise. Os peritos vão verificar se as declarações são mesmo de Naya.
Ontem, o deputado, por meio de seu advogado, Daniel Azevedo, pediu o adiamento de seu depoimento por um dia na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
O depoimento de Naya já foi adiado para o dia 18, depois que o parlamentar não compareceu na quinta-feira passada, dia marcado pela comissão. Naya apresentou um atestado médico.
"Ainda vou estudar a questão, mas não vejo motivo para acolher o pedido de adiamento do depoimento do deputado para quinta-feira", afirmou Perillo.
O advogado protocolou ontem na CCJ, etapa preliminar do processo, o rol de nove testemunhas para serem ouvidas pela comissão. Na lista estão ex-prefeitos de Leopoldina, de Três Pontas e de Itanhandu, municípios mineiros onde o deputado tem base eleitoral.
O deputado pede também para ouvir o vereador Vítor Barbara e a costureira Ângela Aparecida Pereira Oliveira, de Três Pontas.
O relator afirmou que vai decidir se ouvirá as nove testemunhas ou se vai restringir a cinco depoimentos, como havia decidido.
O pedido de cassação do deputado foi feito com base nas declarações do parlamentar durante reunião com vereadores de Três Pontas, gravadas por um cinegrafista amador. Na fita, Naya afirma que falsificou assinatura de um governador de Minas Gerais, entre outras irregularidades.



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