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SAÚDE
Psiquiatras investigam formas de tratar distúrbio patológico que impede alguém de enfrentar medos banais
Estudo vai pesquisar combate
à fobia social
NOELLY RUSSO
da Reportagem Local
Ter medo de barata é normal? E
não gostar de falar em público? Se
o medo de ver uma barata impede
a pessoa de sair de casa ou se o pavor de escrever evita preencher um
cheque, o medo não é normal.
Uma das hipóteses é que se trate
de um portador de fobia social, um
distúrbio afetivo que faz com que
seu portador se esquive das situações que teme ou as enfrente com
muita dificuldade.
Pouco conhecido no Brasil, esse
transtorno psiquiátrico vai ser estudado no Amban (Ambulatório
da Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do HC da USP) em um
projeto que começou este mês.
"Além de melhorar o diagnóstico
e de poder melhorar o conhecimento sobre a fobia social, vamos
estudar a melhor forma de tratamento da doença, com remédios,
com psicoterapia ou com a combinação dos dois", diz Tito Paes de
Barros Neto, psiquiatra e pesquisador do Amban.
Pesquisa realizada pelo instituto
mostra que 46% da população da
cidade de São Paulo tem algum tipo de transtorno mental. A fobia
social representa 3,5% do total.
O psiquiatra Barros Neto alerta
para o risco de confundir a fobia
com timidez, com ansiedade ou
com o desconforto natural que cada um tem em relação a algumas
situações.
Segundo o psiquiatra Márcio
Bernik, diretor do Amban, o projeto sobre fobia social vai ampliar a
eficácia de medicamentos e a avaliação dos efeitos da psicoterapia.
"Sabe-se que o medicamento
funciona. Também sabe-se que a
psicoterapia é outra forma de tratar o problema. Com o projeto vamos poder comparar a eficiência
dos dois tratamentos, separadamente e combinados", diz ele.
Para realizar a pesquisa, foram
formados quatro grupos de pacientes, cada um com 30 pessoas.
Um deles vai receber apenas o
tratamento com remédios, os antidepressivos são os medicamentos
usados no combate à síndrome.
A psicoterapia inclui um treinamento para preparar o fóbico para
enfrentar as situações que teme.
"Por exemplo, uma pessoa com
medo de preencher cheques começa no consultório com uma palavrinha. Depois, a pessoa assina um
cheque. Vou instruí-la a assinar
cheques de valores baixos até se
acostumar", diz Barros Neto.
Os resultados da pesquisa vão ser
conhecidos em cerca de um ano.
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